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Estado de Minas

Jurados pressionam goleiro na sessão do júri

Depois de se negar a responder 39 indagações da promotoria, réu se atrapalha ao esclarecer dúvidas de jurados e afirma que foi omisso por não ter denunciado trama


postado em 07/03/2013 07:07 / atualizado em 07/03/2013 07:18

O interrogatório, por cerca de três horas, do goleiro Bruno Fernandes, em que ele respondeu perguntas da juíza Marixa Fabiane, parece não ter sido suficientes para esclarecer dúvidas do conselho de sentença sobre a morte de Eliza Samudio. À noite, já no fim do interrogatório, os jurados encaminharam, em três folhas de papel, 20 perguntas a serem feitas ao acusado pela juíza. Como a defesa se manifestou favorável, Bruno se viu apertado e chegou a confessar que foi omisso ao saber do assassinato.


E juíza acrescentou mais questionamentos, quando Bruno se atrapalhava nas respostas. Na primeira pergunta, em que os jurados queriam saber o motivo de o goleiro não ter denunciado Macarrão logo que soube da morte de Eliza, ficou visível o que o réu ainda enfrentaria por quase uma hora.
“Tive medo do que aconteceria com minhas filhas, com minha família. E havia um vínculo de amizade”, disse ele. “Medo de quem?”, emendou a juíza. “Essas pessoas que estavam envolvidas no dia e o Macarrão”, respondeu com cautela e sem citar mais nomes.

Os jurados demonstraram desconfiança com a versão apresentada à tarde por Bruno, em que sugere que estava preocupado com Eliza. “Mesmo depois de Jorge bater em Eliza, o Macarrão ainda queria tirá-la de seu caminho? Mesmo vendo seu cuidado com ela?”, indagou a juíza. Na plateia foram ouvidas reações de mulheres, enquanto Bruno parecia pensar numa resposta. Ele foi óbvio: “Não posso dizer pelo Macarrão”.

O goleiro teve de explicar o motivo de deixar Eliza em seu sítio, já que não conseguia sequer dialogar com ela. Ele disse que queria conhecê-la um pouco mais. “Vi que era uma boa mãe, que cuidava bem da criança”, completou. Bruno, porém, balançou ao ter de explicar se foi omisso ao não denunciar a trama dos algozes de Eliza enquanto ela estava viva. “Fui omisso! Poderia ter denunciado; jamais passou pela cabeça o que ia acontecer. Fui omisso por não ter denunciado o que estava acontecendo ali”, tentou explicar.

Para o advogado do goleiro, Lúcio Adolfo, as perguntas dos jurados apenas demonstram que eles buscam esclarecimentos, para não ter dúvidas ao responder os quesitos. Ele não considerou a possibilidade de uma desconfiança do conselho de sentença em relação à versão de seu cliente.

ANOTAÇÕES

Segundo o promotor de Justiça Francisco Santiago, não é incomum que o júri faça perguntas durante o julgamento, especialmente em casos de grande repercussão. “No dia a dia, esse direito permitido por lei não é colocado em prática com tanta frequência, mas não é algo extraordinário. Nesse caso especificamente, os jurados estão muito atentos desde o começo. É possível perceber que eles fazem diversas anotações no decorrer dos depoimentos, o que é muito bom.”

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