Mais uma semana de angústia e nervosismo para os 61,5 mil candidatos ao vestibular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Apesar de o edital do processo seletivo prever a convocação para a segunda etapa a partir de sexta-feira, a instituição praticamente descartou a divulgação dos resultados ainda esta semana. A informação foi dada ontem pela coordenadora da Comissão Permanente do Vestibular (Copeve), Vera Resende. “Ainda não recebemos os dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e depois que o Ministério da Educação encaminhá-los teremos de processar todas as informações para fazer a divulgação. Por isso, nada deve sair esta semana”, disse.
A dificuldade dos alunos em entender a nota do exame nacional se deve ao modelo de estatística, a Teoria de Resposta ao Item (TRI), usado pelo MEC na correção dos testes. Com o método, em vez da soma simples de erros e acertos, a nota final é calculada de acordo com o número de questões acertadas, com o grau de dificuldade das perguntas e também com a consistência das respostas. Outro problema apontado pelos estudantes é a mudança nas regras do vestibular deste ano. Em junho, a UFMG anunciou que a nota da prova de redação do Enem será considerada apenas na segunda etapa do processo seletivo, e não como parte da primeira fase, como ocorreu no ano passado.
INSEGUROS
A novidade é motivo de ansiedade para jovens como Beatriz Zanon, de 20. “Como a redação não está sendo levada em conta agora, ficamos ainda mais inseguros. Não dá para dizer que estamos perdendo tempo estudando sem saber se seremos convocados para a segunda etapa, pois todo aprendizado é válido. Mas considero uma falta de respeito essa angústia a que estamos submetidos desde outubro, quando fizemos as provas do Enem”, lamenta Beatriz, na disputa pelo curso de engenharia química.
O nervosismo de Igor Cruz Morais, de 20, candidato a medicina, pode ser medido pela quantidade de vezes que ele conecta a internet pelo celular. “A cada dois minutos, atualizo o site da Copeve na esperança de encontrar uma novidade. Não aguento mais viver nessa agonia. Estudo o dia inteiro com um olho nos livros e outro no celular ou no computador. Acho que já virou paranoia”, conta. Com uma rotina de mais de 15 horas de preparação diária, Igor torce pela divulgação da convocação para a segunda fase o mais breve possível.
OTIMISMO
Acostumada com o estresse e a ansiedade dos candidatos, a professora de matemática e diretora do Polo Vestibulares, Lucila D’Angelo, dá dicas de como enfrentar os momentos de tensão. “É preciso manter a calma e o otimismo. Todos devem trabalhar como se já estivessem com vaga garantida na segunda fase e se não forem convocados devem pensar que valeu a experiência, o aprendizado e o amadurecimento. É bom lembrar que ainda faltam três semanas para a próxima etapa. Esse tempo deve ser de muita garra, pois é possível fazer uma revisão completa da matéria interligando temas”, afirma Lucila.