Principal meio de ingresso às universidades públicas no Brasil, o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) colocou os estudantes em trânsito pelo país. Natural de Jordânia, no Vale do Jequitinhonha, Matheus Rodrigues Moreira, de 18 anos, chegou esta semana a Belo Horizonte de mala e cuia com a intenção de ficar na capital pelos próximos quatro anos. Ele foi aprovado em geografia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Antes, porém, teve uma breve passagem por Araxá, no Alto Paranaíba, onde começou o curso de engenharia de minas no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG). “Não tinha tanta segurança do que queria. Cancelei o semestre lá para poder fazer a matrícula na UFMG”, conta.
O levantamento da UFMG sobre os efeitos da adesão ao Sisu mostrou um aumento no número de estudantes de outros estados e do interior de Minas que vem para Belo Horizonte. Os paulistas lideram o ranking, com 211 estudantes matriculados em 2014, contra 118 no ano anterior. O segundo lugar é ocupado pelos capixabas, com 35, seguidos de baianos, 35, e fluminenses, 30 . Os estudantes do interior passaram de 13,97% do total de alunos em 2013 para 17,21%, no primeiro semestre deste ano.
Até chegar a profissão que pretende seguir, Matheus teve dúvidas do que cursar e em qual universidade. Com as notas do Enem, se candidatou para engenharia de minas na UFMG, primeira opção, e engenharia de minas na UEMG em João Monlevade, como segunda opção. Para o Cefet, fez o vestibular, foi selecionado, iniciou o curso, mas rapidamente percebeu que aquela não era sua praia. Resolveu tentar geografia na UFMG e deverá começar o curso em agosto. “Para o aluno é bom. Antigamente, ele tinha que se locomover para diferentes cidades para fazer o vestibular. Com o Sisu facilitou muito. O aluno pode se candidatar a qualquer lugar no Brasil”, avalia.
DESISTÊNCIA No entanto, Matheus reconhece que com tanta facilidade muita gente passou a se inscrever nas instituições, muitas vezes, sem ter um real interesse, o que aumenta a desistência. “Muita gente joga um curso no sistema só por jogar”, diz. Ele lembra que o Cefet em Araxá reservou 50% das vagas de engenharia de minas para os alunos que tentaram ingressar por meio do Sisu, mas nem todas foram preenchidas, porque muitos não fizeram a matrícula.
O pró-reitor de Graduação da UFMG, Ricardo Takahashi, reforça que o candidato precisa informar à universidade que quer permanecer na lista para eventuais chamadas. Para alguns cursos são feitas até cinco chamadas para o preenchimento das vagas. Segundo ele, há um campo nos formulários do Sisu, mas é fundamental manifestar o interesse na própria Federal de Minas. Depois de todas as chamadas, caso não sejam preenchidas as vagas, a universidade abre para transferências e obtenção de novo título.