Muito se fala da representatividade das obras de Oscar Niemeyer para Brasília. O fato de a capital federal ser considerada patrimônio histórico e cultural pela Unesco está intimamente ligado ao brilhantismo do arquiteto. Os belos monumentos que embelezam a cidade são mostras da inspiração modernista de Niemeyer, que antes de participar do projeto do Distrito Federal, já havia idealizado outras obras no Brasil. O estilo moderno do arquiteto dialoga muito com o próprio movimento vivido no Brasil na década de 1920, tendo a Semana da Arte Moderna de 1922 como principal difusor. As mudanças ocorridas na arte e na literatura também foram aplicadas no urbanismo, com o abandono de tradições para o surgimento de uma nova estética.
A construção do Ministério da Educação e Saúde em 1936, no Rio de Janeiro, foi um marco. A primeira grande obra modernista brasileira teve a presença de grandes arquitetos e simbolizou a ruptura com as formas arquitetônicas ornamentadas com motivos históricos e simbólicos usados na época. A partir dali, com o desenvolver da industrialização no país, os arquitetos procuravam afirmar identidade cultural por meio de inovação, estilo e funcionalismo. O governo do então presidente Getúlio Vargas buscava se impor no cenário econômico internacional. Um ano depois, Niemeyer projetou a sede da Obra do Berço, no Rio. A instituição de caridade, sem fins lucrativos, é reconhecida nacionalmente e atende hoje quase 100 crianças carentes.
O estilo mais despreocupado com a arquitetura permitiu a Niemeyer traçar linhas mais livres e despojadas. O gosto pelas curvas destacou a originalidade de dezenas de obras. Ele foi o grande responsável por planejar o conjunto arquitetônico da Pampulha, construído em 1940. A pedido de Juscelino Kubitschek, prefeito de Belo Horizonte à época, criou a Casa do Baile, o Iate Tênis Clube, a Igreja São Francisco de Assis e o Cassino da Pampulha, que hoje é um museu de arte. Com o resultado da Pampulha, Niemeyer atingiu grande notoriedade, ao alcançar maior status e reconhecimento mundial.
Com uma contribuição sem precedentes para o urbanismo brasileiro, Niemeyer certamente deixou sua marca no país com diversos feitos que fazem parte da vida de milhões de brasileiros. Apesar de ser ateu, Oscar Niemeyer idealizou igrejas, capelas e catedrais. Para ele, o prazer que sentia em ver uma obra religiosa bem realizada era muito menor do que a importância que dão aqueles que a frequentam. O gênio centenário que participou de importantes fases do país já se encontra nas páginas da história brasileira e vai continuar a ser um grande influenciador da arquitetura.