O pontapé para a esperada revitalização da Praça Diogo de Vasconcelos, conhecida carinhosamente como Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de BH, será dado segunda-feira, quando a Secretaria Municipal de Obras assinar a ordem do serviço, conforme o Estado de Minas antecipou na semana passada. A má notícia é que, neste caso, o pedido saiu menor do que a encomenda: o orçamento de R$ 14 milhões encolheu 25% e deixará de fora a reforma dos passeios das Avenidas Getúlio Vargas e Cristóvão Colombo. No valor de R$ 10,4 milhões, as melhorias ficarão restritas à praça e aos quatro quarteirões das ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque. Mas as obras, promessa antiga da prefeitura, ainda são pouco para quem ama a Savassi, que, tamanho o charme, ofuscou o Bairro Funcionários e deu nome à região.
A expectativa dos “savasseiros de carteirinha” é que a revitalização não seja apenas maquiagem e combata o abuso dos flanelinhas, melhorando o policiamento. Segurança é a palavra-chave também para reprimir trombadinhas, assim como gangues de rua que agem nas madrugadas. Os sonhos de quem aprendeu a amar a região vão mais longe: não esquecem a esperada linha de metrô, promessa que nunca saiu do papel e reduziria o tráfego de ônibus e veículos comuns, além de minimizar o déficit de estacionamentos.
Uma solução para a população de rua é outro desejo de quem aposta na área como o cartão-postal da cidade e acredita que esta é a hora de retomar o glamour que a região sustentou até a década de 1970. “Acho que a revitalização é um marco. Mas os olhos da Polícia Militar e da Guarda Municipal em relação à Savassi também precisam mudar”, afirma o presidente do Conselho Regional da Savassi, da Câmara dos Dirigentes Logistas (CDL), Marco Antônio Mendonça Gaspar.
Por ora, as obras, previstas para terminar em um ano, vão dar novo tratamento paisagístico à Praça da Savassi e aos quatro quarteirões das ruas Pernambuco e Antônio de Albuquerque. A praça vai receber jardins, fontes e nova iluminação. O cruzamento da Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas vai ter travessias elevadas para pedestres, além de uma escultura. “Inicialmente, pensamos numa fonte que custaria R$1,2 milhão, mas vamos optar por algo mais barato”, afirma o secretário de Obras, Murilo Valadares, ressaltando que as intervenções beneficiarão principalmente pedestres.
Os quarteirões fechados serão transformados em calçadões, com inspiração em cidades europeias e soluções de acessibilidade. Com isso, haverá redução de 200 vagas de estacionamento. As vias terão bancos em granito e inox. A iluminação terá postes sem fios e a rede de drenagem será trocada. Parecem até muitas mudanças, mas o projeto original previa mais. “Licitamos uma obra maior, mas o dinheiro vai dar somente para a primeira etapa. Depois, faremos a troca dos passeios das avenidas Cristóvão Colombo e Getúlio Vargas”, limita-se a dizer Valadares.
A verba para a revitalização é fruto de operação urbana para a ampliação do Shopping Pátio Savassi, localizado a um quarteirão da praça. Em troca de R$ 7,58 milhões e de exigências como alterações nas entradas das garagens do empreendimento, a prefeitura autorizou a ampliação. O restante do investimento é do município. Segundo Valadares, a empreiteira contratada, terceiro lugar na licitação de 2009 – as duas primeiras colocadas não se interessaram pelo serviço – tem 10 dias para começar a obra, contados a partir de segunda-feira. O secretário também alerta que as alterações no trânsito estão sendo estudadas pela BHTrans e só ocorrerão a partir de 28 de maio.
Problemas
Apesar de comemorar a obra, comerciantes e moradores esperam mais. “Flanelinhas já nos sitiaram. Eles trabalham em turnos e, muitas vezes, acobertam roubos. Também falta policiamento e a Guarda Municipal quase não fica aqui”, afirma Marco Antônio Gaspar, que ressalta o trabalho dos lojistas para repaginar o comércio. O dono da casa de massas La Traviata, Renato Savassi Biagioni, de 58 anos, da família que rebatizou a área – com a inspiração da Padaria Savassi, por muitos anos ponto de encontro na Praça Diogo de Vasconcelos –, testemunhou as várias fases da região. De zona residencial, passando por ponto de encontro de intelectuais e reduto de butiques até a fase atual.
“A região se transformou num corredor de tráfego intenso. Os ônibus param diretamente na praça. A segurança também se tornou um problema sério, com moradores de rua e pedintes”, afirma. De acordo com a BHTrans, 30 linhas de ônibus passam pela Praça da Savassi e não há projeto para desviar o tráfego de coletivos. Sem revelar o efetivo, o comandante do 1º Batalhão da PM, tenente-coronel Márcio Cassavari, diz que há policiamento contínuo da área. Acrescenta que ainda não conhece o projeto e que, caso seja necessário, haverá reforço na segurança. (Colaborou Landercy Hemerson)