Os alunos que estavam no ônibus acidentados frequentam as escolas Municipal Doutor José Gonçalves da Cunha e Estadual Expedicionário Geraldo Baeta, além da Associação de Pais e Alunos Excepcionais (Apae), essas transportadas em companhia dos pais ou responsáveis. "A mãe que morreu levava o filho Diego, de 16, para a Apae e também tinha uma filha na minha escola. A adolescente morta, Katiele, estava no segundo ano do ensino médio. Ela tem uma irmã excepcional, que por sorte não iria à escola ontem", disse o vice-diretor da escola estadual, Elias Oliveira Pereira, lembrando que as aulas de todos os turnos foram suspensas ontem. A prefeitura local decretou, na tarde de ontem, luto oficial de três dias por causa do desastre.
O maquinista Gilberto Leal Oliveira não se feriu e foi levado para Conselheiro Lafaiete, em estado de choque, segundo o sargento da PM Roberto Revelino. Ele conta que a estrada de terra margeando a linha férrea é precária. O local em que ocorreu o acidente é o ponto em que os carros fazem a transposição. Segundo ele, o ônibus sai ainda de madrugada da Prefeitura de Entre Rios de Minas, percorre oito quilômetros pela rodovia MGT-383 até a localidade de Castro, anda mais três quilômetros até o distrito de Brumadinho, segue para Viaduto dos Boiadeiros e retorna para Castro, onde os passageiros são deixados nas escolas. A três quilômetros do local do acidente, o ônibus atravessa outra passagem de nível, também sem qualquer sinalização.
No Hospital Cassiano Campolina, de Entre Rios de Minas, foi montada uma força-tarefa com médicos e enfermeiros de outras cidades e quatro helicópteros foram usados para transportar os feridos mais graves para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), em BH. Várias ambulâncias e UTIs móveis foram usadas para levar feridos para hospitais de cidades vizinhas.
SOCORRO
O coronel Edson Hilário da Silva, do Comando Operacional do Corpo de Bombeiros em Minas, informou que oito bombeiros seguiram de Belo Horizonte para Entre Rios de Minas em helicópteros e outros 30 militares seguiram de Conselheiro Lafaiete e Barbacena. Segundo ele, a neblina era tanta que houve dificuldade para pousar as aeronaves no local do acidente. "A travessia da ferrovia é bem precária. A sinalização é apenas visual e não há cancela. Não se sabe se houve alerta sonoro por parte da locomotiva", disse o coronel, informando que essas e outras questões devem ser respondidas pela perícia.
O presidente do Sindicato dos Ferroviários de Conselheiro Lafaiete e Região, Paulo Adriano Pereira, denuncia que o maquinista estava com excesso de horas trabalhadas e sustenta que na região são várias passagens de nível sem cancela ou sinalização de segurança.