
Em reunião com a presidente Dilma Rousseff, na semana passada, o presidente do BID, Luis Alberto Moreno, anunciou a intenção da instituição em investir 6 bilhões de dólares nas cidades-sede da Copa. O foco são projetos de mobilidade urbana, ações em favelas e estudos técnicos. No entanto, o presidente do Comitê Executivo da Copa em BH, Tiago Lacerda, esboçou o interesse em recorrer ao financiamento. “Não temos os recursos. Pensamos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), mas eles não liberam verba para manutenção. Pedimos recursos ao Ministério do Turismo, mas, com a troca de ministro, ainda não temos resposta. Uma opção é o BID.”
Em entrevista em março ao Estado de Minas, Tiago afirmou que a Lagoa da Pampulha seria tratada como prioridade entre os projetos da Copa. Mesmo sem verba garantida, a previsão é licitar até outubro a empresa que fará a dragagem de 700 mil metros cúbicos de sedimentos, aumentando de 10 para 11 milhões de metros cúbicos a capacidade da represa. De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, responsável pela limpeza do espelho d’água, o orçamento do serviço está sendo finalizado e, assim que concluído, o edital da licitação será lançado. Já o edital para viabilizar a melhoria da qualidade da água da Pampulha não tem data para sair.
ANÁLISE DE PROPOSTAS
Por enquanto, equipe técnica da secretaria está analisando as 10 propostas de interessados que responderam ao chamamento público encerrado em maio. A partir do procedimento, o poder público buscou tecnologias de oxigenação para tratar a água da barragem. A secretaria não revela as propostas que recebeu, mas uma das empresas que demonstrou interesse em participar é a representante do barco gerador de ozônio. A tecnologia foi usada para a descontaminação de uma baía em Miami, nos Estados Unidos, e na Nicarágua.
Com ou sem recursos, o idealizador do Projeto Manuelzão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Apolo Henringer, acredita que o dessassoreamento e a tentativa de tratar a água da lagoa se resumem em um projeto para “inglês ver“. “Com a Copa, começam a maquiar a cidade. Vão gastar milhões na Pampulha, sendo que é preciso fazer a intercepção de esgotos nos afluentes da lagoa, principalmente nos córregos Sarandi e Ressaca”, afirma.
EMPRÉSTIMO
Embora não fale com todas as letras da Lagoa da Pampulha, o Executivo conseguiu aprovar na Câmara Municipal projeto importante na área de saneamento e que pode trazer bons frutos para o cartão-postal. Os vereadores aprovaram semana passada projeto de lei, assinado pelo prefeito Marcio Lacerda, que autoriza o município a contratar empréstimo no valor de 60 milhões de dólares do Banco Interamericano para ações do Programa de Recuperação Ambiental de BH. O programa tem foco nos cursos d’água e bacias hidrográficas, incluindo a da Pampulha. Em 2004, o Drenurbs conseguiu 46 milhões de dólares do BID para ações de saneamento.