A transformação do entorno da Praça Rui Barbosa (Praça da Estação), no Centro de Belo Horizonte, em polo cultural tem um obstáculo que está prestes a ser removido. Em visita nessa quinta-feira à capital, a ministra da Cultura, Anna de Hollanda, pediu nessa quinta apoio ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) para retirar a igreja evangélica que estaria obstruindo a ligação da praça com a Casa do Conde Santa Marinha e um galpão histórico da antiga Rede Ferroviária Federal, que está sendo restaurado para abrigar centro de cultura.
De acordo com a secretária municipal de Cultura, Thaís Pimentel, que participou do encontro na prefeitura, a igreja é uma construção irregular e dificulta o diálogo da Praça da Estação e o Museu de Artes e Ofício com os galpões da Fundação Nacional de Artes (Funarte). Em frente à igreja, ainda há o Espaço Cultural 104, que funciona nas instalações de uma antiga fábrica de tecidos. “O prefeito está decidido a ajudar a ministra no que for preciso. Inclusive, contou que essa negociação já está adiantada para a retirada da igreja. O espaço é alugado e o prefeito está conversando com representantes do templo e com o proprietário do imóvel no sentido de desobstruir a passagem”, disse a secretária.
De acordo com Thaís Pimentel, o antigo galpão da antiga rede ferroviária, que está em reformas, na Avenida do Contorno 1.165, ao lado do Viaduto da Floresta e da Casa do Conde, que pertence ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vai abrigar espaço para apresentações artísticas, biblioteca, livraria e café. “Esse galpão vai ampliar ainda mais esse sentimento que a gente tem hoje de estar recuperando o Centro de Belo Horizonte para o uso cultural”, disse Thaís.
Anna de Hollanda informou ter conversado com o prefeito sobre a Região Central de Belo Horizonte, que, segundo ela, é considerada um importante corredor de cultura, onde o Ministério da Cultura é representado pela Funarte e Iphan. “Há uma vocação natural desses espaços que eram da rede ferroviária e que aos poucos estão perdendo o seu uso para atividades culturais”, disse a ministra, que permanece em Minas por mais dois ou três dias. Nesta sexta-feira, ela pretende conhecer o Instituto Inhotim, em Brumadinho, na Grande BH.
Aprovação
A proposta de retirada da igreja agradou a moradores do Bairro Floresta, na Região Leste da capital, e frequentadores dos espaços culturais da região. A professora Mônica Buccini, de 24 anos, considera que o templo, todo feito em estrutura metálica, polui visualmente o conjunto arquitetônico da Praça da Estação e todo o seu entorno histórico. “Temos a Casa do Conde escondida atrás dessa igreja e acho que o espaço vai ficar mais bonito. Há construções que destoam do espaço por toda a cidade, mas essa ainda é irregular. A igreja atende um público bem direcionado, mas daria lugar a um espaço para toda a cidade”, disse Mônica.
O metroviário Élcio Pedrosa Moraes, de 47, defende que a transferência da igreja para outro endereço da região. “Com certeza, a praça vai ficar mais bonita sem o templo. BH ganhará mais um espaço cultural e a igreja pode desenvolver o trabalho em outro endereço, porque é preciso preservar a história da cidade”, disse.
No encontro, com presença do presidente da Funarte, Antônio Grassi, a ministra e o prefeito também discutiram outras demandas de Belo Horizonte, segundo Thaís, como os projetos Mais Cultura e PAC Cidades Históricas. “Eles diizem respeito a equipamentos de bibliotecas, centros culturais, recuperação de patrimônio, entre várias outras demandas que achamos que vão andar mais rapidamente no Ministério com essa visita da ministra”, salientou. A Igreja Mundial do Poder de Deus – Templo dos Milagres informou que apenas a missionária responsável, que não foi localizada, poderia falar sobre o assunto. A PBH não conseguiu apurar se a igreja tem alvará de funcionamento. Em maio de 2009, o templo foi notiticado por infração ao Código de Posturas.