Um dia depois de as blitzes da Lei Seca ganharem as ruas da capital, clientes de bares já estão mudando de hábito na hora de ir para casa e até recebem incentivo de donos, gerentes e funcionários dos estabelecimentos. A advogada Joyce Leite, de 26 anos, que nessa sexta-feira à noite tomava um chope durante um happy hour com duas amigas, garante que já incorporou o táxi à sua rotina. “A corrida sai bem mais em conta do que a multa de quase R$ 1 mil”, constata. Sérgio Carvalho, proprietário de um bar na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, diz que os frequentadores estão indo a pé para casa ou ligam para parentes e filhos. “Se for preciso, damos um jeito. Só não vale é sair dirigindo depois de beber”.
O aposentado Pedro Godoi, de 69, nessa sexta-feira saiu para beber sem se preocupar. “Já combinei com meu filho e ele vai me buscar. Não que ele esteja abrindo mão de aproveitar a noite, mas é porque ele não bebe mesmo”. Maurício Salles, de 61 anos, também não abriu mão do chope. “Moro perto e vou a pé. Mas, se preciso, vou até de bicicleta para casa. Só não dá para beber e dirigir. Sou a favor da campanha educativa e também das blitzes”.
O taxista José Magalhães , de 60, não apenas aprova a ideia como carrega no vidro traseiro do carro que trabalha um painel alusivo à campanha. Magalhães conta que quando entrou em vigor a Lei Seca, em junho de 2008, houve uma procura maior de cliente de bares pelo serviço de táxi. “Depois de um tempo, parece que a fiscalização relaxou e tudo voltou ao normal. Agora, com a volta das blitzes, aumentaram as chamadas nesses estabelecimentos e também em salões de festas”, constatou.
Para o taxista, seu apoio à campanha não se limita apenas ao maior lucro. Ele analisa que a retirada dos motoristas alcoolizados das ruas significa segurança para quem enfrenta o trânsito da madrugada. Em 10 anos de profissão, José Magalhães diz que nunca se envolveu em acidentes, mas já teve que fazer manobras rápidas para evitar batidas quando o outro condutor demonstrava estar embriagado. “Uma corrida para um local distante fica em média em R$ 50, o que não é caro quando se fala em preservar a vida”.
O comerciante Sérgio Carvalho e o gerente Elvis Rodrigues concordam que, na mudança de hábitos, o uso do “motorista da rodada” ainda é incipiente. “Ninguém que gosta de beber senta numa mesa e fica olhando”, sugere Sérgio. Elvis, por sua vez, diz que é mais fácil arrumar alguém para dar uma carona que convencer alguém a ser um motorista da rodada.