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Estado de Minas

Cachorro em restaurante vira caso de polícia em BH

Dono de cachorro não é atendido no Bar do Bolão, diz que foi discriminado, chama a PM e promete mais protestos


26/09/2011 06:16 - atualizado 26/09/2011 06:57

Március Victor assegura que vai recorrer à Justiça para defender os seus direitos
Március Victor assegura que vai recorrer à Justiça para defender os seus direitos (foto: Juliana Flister/Esp. EM/D.A Press)
A proibição de animais no restaurante mais tradicional do Bairro Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, revoltou o analista de sistemas Március Victor de Carvalho Fróes, de 38 anos. Ele, a mulher e a filha de 5 anos foram impedidos de almoçar domingo no Bolão, na Praça Duque de Caxias, por estarem acompanhados da cadela Zequinha, mesmo sentados a uma mesa da calçada. A Polícia Militar foi chamada e o boletim de ocorrência será registrado na Delegacia de Defesa do Consumidor. O restaurante, que tem duas placas, uma proibindo a entrada e a outra a permanência de animais, alega que cumpre normas da Vigilância Sanitária. O analista de sistemas não se conforma. Ele adiantou que vai entrar com ação por danos morais no Juizado Especial Criminal, pedindo indenização. Ainda pretende organizar uma “cãominhada” de protesto na praça.

Március e a família chegaram ao restaurante ao meio-dia, ocuparam uma mesa externa e insistiram no atendimento até as 15h30, quando a PM chegou. A mulher e a filha foram almoçar em outro local e ele permaneceu no local com a cachorra. “Ela faz parte da minha família e sempre nos acompanhou em restaurantes que têm mesas nas calçadas. Sabemos que tem gente que não gosta de cachorro e não queremos ferir o direito de ninguém”, disse Március. No Bolão, ele conta que perguntou aos clientes ao lado se incomodavam com o cão e eles disseram que não. “Entendo que o passeio é um espaço público e eles não têm como proibir a permanência de animais. Me senti desmoralizado, pois todo mundo estava comendo, me olhando, e eu não. Fui discriminado”, disse o analista de sistemas. Március discutiu com o garçom e o gerente. Pediu para ver o documento da prefeitura constando a proibição, mas não foi atendido. “O brasileiro se sente envergonhado em defender seus direitos. Por isso, vou insistir”, reagiu.

Zequinha, da raça schnauzer, segundo o dono, é dócil e mesmo assim sempre usa coleira quando sai de casa, pois a família sabe que há pessoas que têm medo de cachorro, independente do tamanho ou raça. “Ela não arruma confusão e não morde ninguém. É supereducada. Nos restaurantes, ela permanece o tempo todo quietinha, debaixo da mesa”, disse Március.

O dono do restaurante, José Maria Rocha, conhecido como Bolão, de 62, disse que cumpre lei municipal ao proibir cães mesmo na calçada do restaurante. “Na hora do almoço, o pessoal comendo e você vai servir com cachorro na mesa, soltando pelo? Não, não pode. Pode ser cachorro limpo, superlimpo, que não pode”, afirmou Bolão. “Quem quer cachorro que fique com ele em casa. Nem na praça deveriam levar cachorro, que fica fazendo besteira e o dono não limpa. Tudo agora para esse povo é cachorrinho. Ficam abraçando e beijando cachorrinho em mesa de bar”, desabafou Bolão. Segundo ele, há fregueses que vão embora do restaurante quando há cachorro. “Só pode cão guia, acompanhando cego”, disse.

Opinião


A confusão dividiu opiniões entre os clientes. A auxiliar administrativa Lays Albuquerque, de 23, almoçava com o namorado ao lado da mesa onde Március estava com a cachorra. “Ela não nos atrapalhou em nada, mesmo porque é pequena, dócil, nem latir latiu. Acho que o dono está em seu direito. Amo animais e também tenho cachorro. Agora, já sei que não posso trazer o meu aqui”, disse Lays. “Sou fumante, sento do lado de fora e seria a mesma coisa o garçom não me servir por eu estar fumando. O passeio é público”, disse Lays.

O corretor de imóveis Carlos Leão, de 41, considera o assunto polêmico, mas diz que cães em restaurante não o incomodam. “Acho que o cigarro, mesmo do lado de fora do restaurante, incomoda muito mais. Acho que o cachorro não vai me sujar nem me deixar com pelos. Mas, por outro lado, há pessoas que não gostam e elas devem ser respeitadas”, disse.

A dona de casa Emiliane Fradite, de 32, afirmou ser totalmente contrária à permanência de cães em restaurantes. “Podem cair pelos do cachorro na comida. Há várias pessoas aqui que têm cães e concordam comigo. Eu mesma trago meu chow chow, mas ele fica no carro enquanto almoço”, disse Emiliane.

A administradora de empresas Aline Moreira Lourenço, de 25, disse que não gosta de almoçar ao lado de cães. “Eu tenho cachorro, ela tem cachorro, mas não vou trazer cachorro para restaurante. Você está almoçando e voa um pelinho para seu prato. Eu fico com nojo, mesmo na calçada. É uma questão de higiene”, disse.


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