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Estado de Minas

MP busca dar um basta ao bullying nas escolas

Ministério Público estadual quer que escolas de cidades polos de Minas assinem termo de ajustamento de conduta para adotar medidas contra agressões físicas e psicológicas


postado em 01/10/2011 06:00 / atualizado em 01/10/2011 07:12

Despreparadas para lidar com problemas como o bullying, escolas terão de desenvolver medidas para melhorar relacionamento entre alunos (foto: EDÉSIO FERREIRA/EM/D.A PRESS)
Despreparadas para lidar com problemas como o bullying, escolas terão de desenvolver medidas para melhorar relacionamento entre alunos (foto: EDÉSIO FERREIRA/EM/D.A PRESS)


Impedidas de agir de forma adequada com vítimas e autores de bullying por ainda terem estatutos antigos, de uma época em que as instituições simplesmente ignoravam a violência física e psicológica nos pátios e salas de aula, as escolas mineiras serão obrigadas a reagir por força do Ministério Público estadual. No Vale do Rio Doce, por exemplo, 10 cidades de sete comarcas já assinaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) para que se adequem a essa necessidade. Outras cinco estão na mira do MP e devem ser obrigadas a assinar o termo.

Por meio do TAC, os municípios ficam obrigados a preparar planos de prevenção ao bullying, projetos pedagógicos de tratamento para vítimas e autores, além de revisão de regimento interno que possibilite ações específicas. “Sem o regimento interno específico, as instituições agem usando as medidas de que dispõem, muitas delas não adequadas ao problema”, afirma o promotor Lélio Braga Calhau, especialista no assunto. As secretarias municipais de Educação que não cumprirem o acordo poderão ser multadas.

"Vamos criar instrumentos para lidar com a indisciplina. Não adianta copiar modelos da internet. Cada instituição tem uma realidade na sala de aula, no pátio e no portão de entrada", Lélio Braga Calhau, promotor (foto: EULER JUNIOR/EM/D.A PRESS - 13/9/11)
As primeiras secretarias de assinar o termo são as das comarcas de Governador Valadares, Galileia, São Geraldo do Baixio, Divino das Laranjeiras, Tumiritinga, Goiabeira e Cuparaque. “As pesquisas apontam que 40% a 50 % dos estudantes são, em algum momento, vítimas de bullying. Pelo termo de ajustamento vamos criar instrumentos para lidar com a indisciplina depois de uma pesquisa para o perfil da escola. Não adianta copiar modelos da internet. Cada instituição tem uma realidade na sala de aula, no pátio, no portão de entrada”, diz Calhau.

Quanto à violência nas escolas, o promotor vê diferenciação em métodos de tratamento que podem prejudicar aluno tanto quando ignorar os fenômenos. “Nas escolas particulares, os diretores chamam os pais e convidam os alunos a se retirarem, levando o problema a se perpetuar em outra instituição. O problema precisa ser enfrentado. Crianças e adolescentes estão em formação. Se não resolvermos o problema agora, eles poderão ter deficiências profissionais”, avalia.

Em Belo Horizonte, uma série de medidas foram tomadas para prevenir a violência no ambiente escolar, mas nada ainda funciona na prática. Os detetores de metal para acessos de colégios municipais ainda precisam ser licitados. Sua previsão de funcionamento é só em 2012. O grupo multidisciplinar para identificar autores e vítimas de bullying já se reúne, mas ainda não divulgou resultados.

De acordo com gerente de Educação Integral, Direitos Humanos e Cidadania, Ismayr Sérgio Cláudio, diferentemente do aumento de 140% no número de ocorrências em escolas públicas apresentados pela Secretaria de Defesa Social (Seds), as instituições da rede municipal da capital apontam redução de 20% de registros de violência na comparação entre o segundo semestre de 2010 e o primeiro semestre de 2011, segundo a Guarda Municipal. Por mês, cerca de duas escolas registram ocorrências na rede de 244 colégios.

O governo de Minas informou por meio de nota que desenvolve iniciativas preventivas e pedagógicas para garantir a segurança e evitar atos de violência nas escolas. Segundo a Seds, uma das ações é o projeto Escola Viva, Comunidade Ativa, por exemplo, que “visa o fortalecimento de escolas em áreas urbanas com população de vulnerabilidade social e sujeitas a índices expressivos de violência. Para auxiliar o trabalho da Polícia Militar, a Secretaria de Educação doou 22 carros para a segurança escolar, disponibilizando uma viatura para cada companhia da capital”. Nesse sentido, a PM informou desenvolver também o Programa Educacional de Resistência à Violência e às Drogas (Proerd), voltado para a prevenção ao uso de drogas, ações de vandalismo e formação de gangues entre jovens.

 

 

 

Como ficou?

Morte em escola

Assassino é inimputável


O universitário Amilton Loyola Caires, de 24 anos, que matou a facadas o professor de educação física Kássio Vinícius Castro Gomes, de 39 anos, em dezembro do ano passado, foi considerado inimputável pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O laudo de sanidade mental do acusado apontou esquizofrenia e, dessa forma, o juiz presidente do II Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, Glauco Eduardo Soares Fernandes, entendeu que não poderia ser responsabilizado pelo crime. A decisão foi dada em julho e o juiz determinou sua internação pelo prazo mínimo de três anos. O Ministério Público estadual também pediu a absolvição do réu e a internação. O crime aconteceu dentro do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, no Bairro de Lourdes, na Região Centro-Sul de BH. Amilton atingiu o professor no peito e fugiu. Ele estava no 5º período do curso e o motivo do homicídio seria a insatisfação com as notas. O crime gerou manifestação contar a violência (foto). “Não aceitamos esse entendimento do juiz, de que foi uma fatalidade. O aluno frequentava as aulas normalmente. Meu marido falava do comportamento difícil dele, mas tinha plenas condições. Quase um ano depois, para a família é tudo ainda muito difícil”, afirmou a viúva de Kássio, Simone
Maria Caixeta.


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