Um grande avanço no processo de beatificação de Nhá Chica (1810-1895), natural do Sul de Minas. A comissão médica da Congregação das Causas dos Santos, em Roma, reconheceu como milagre a cura da professora Ana Lúcia Meirelles Leite, de 66 anos, moradora de Caxambu, na mesma região. Segundo os especialistas que analisaram o milagre ocorrido pela intercessão da “venerável serva de Deus”, a cura não tem explicação científica. Na manhã deste sábado, em Belo Horizonte, será aberto o processo de beatificação de outra mineira candidata a beata, a irmã Benigna Victima de Jesus (1907-1981).
“Todos os sete médicos deram voto favorável”, conforme divulgou, nessa sexta-feira, a Rádio Vaticano. Em 1995, Ana Lúcia teria sido curada de um problema congênito muito grave no coração, sem precisar passar por cirurgia, apenas pelas orações a Nhá Chica. Desta forma, destacou a Rádio Vaticano, a “venerável serva de Deus” dá mais um passo em direção à beatificação. Em janeiro deste ano, foram reconhecidas suas virtudes heróicas e ela foi proclamada venerável. Resta agora passar pela comissão de cardeais e bispos, os quais deverão confirmar a opinião dos médicos. A última etapa será o papa Bento XVI assinar o decreto de beatificação e marcar a data da cerimônia.
Os devotos de Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, que viveu desde criança em Baependi, aguardam desde 2007 o anúncio da beatificação. Filha de uma escrava, ela nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes, distrito de São João del-Rei. Em vida, era aclamada como “santa de Baependi”, por sua clarividência. Em Baependi, a modesta capela construída por Nhá Chica em devoção à Imaculada Conceição deu lugar ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição, um templo que recebe milhares de romeiros. No local, estão o túmulo e os restos mortais da “serva de Deus”.
Irmã Benigna
Nascida Maria da Conceição Santos, irmã Benigna prestou serviços como enfermeira em Caeté, Sabará, Itaúna, Lavras e outras cidades. De família simples, ela revelava desde menina dons divinos e vocação para a vida religiosa, sendo devota de Nossa Senhora de Lourdes. Em 1935, ingressou na Congregação das Irmãs Auxiliares de Nossa Senhora da Piedade e iniciou seu apostolado prestando serviços religiosos nos locais designados pela congregação.
O primeiro local onde trabalhou foi a Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira, em Itaúna, na Região Centro-Oeste, onde fez os votos perpétuos e se diplomou em enfermagem. Contam que Irmã Benigna sofreu calúnias, tais como os rumores de uma possível gravidez e a acusação de ser uma freira comunista, sendo, pois, no ano de 1948, transferida em uma viatura policial para o Asilo São Luiz, na Serra da Piedade, em Caeté. Na Serra da Piedade, teria sido posta em um chiqueiro, adquirindo, assim, várias doenças. Em 1950, Irmã Benigna foi designada a prestar serviços em um asilo-hospital, em Lambari, no Sul de Minas e trabalhou como parteira e enfermeira. Morreu em Belo Horizonte com problemas cardíacos e, sobre o seu túmulo, há uma imagem de Nossa Senhora de Lourdes.