(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Lagoa da Pampulha recebe 150 kg de dejetos por dia

Lagoa da Pampulha, que compõe o principal cartão-postal de Belo Horizonte, está cada dia mais poluída por toneladas de dejetos levados por oito cursos d´água


postado em 27/11/2011 07:16 / atualizado em 27/11/2011 13:07

Poluição na Lagoa da Pampulha(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Poluição na Lagoa da Pampulha (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Sobre uma pasta verde espessa formada por algas e cianobactérias mortas, objetos pesados como galões de combustível, latas de alumínio, garrafas long neck, vidros e tampas de metal flutuam. Um peixe em decomposição boia na borra biológica, e nem os mosquitos que tentam se aproximar conseguem escapar: acabam presos no composto fétido. O ambiente contaminado poderia ser a descrição de um esgoto qualquer, mas é o espelho d’água da Lagoa da Pampulha, que recebe 4,5 toneladas por mês de poluentes levados por seus oito córregos tributários. A lagoa compõe o conjunto arquitetônico (Igreja de São Francisco de Assis, Casa do Baile, Museu de Arte Moderna e Iate Tênis Clube) considerado o principal cartão-postal de BH, que abriga ainda o Mineirão, o Mineirinho, o Zoológico e o aeroporto.

São 54 toneladas por ano despejadas livremente sem qualquer interferência do poder público, tornando o ambiente aquático impróprio para a vida e desagradável para os frequentadores. O combate que hoje é feito contra essa agressão diária é incapaz de resolver o problema de forma definitiva. Apenas 20% (10,4 toneladas) da poluição que entra na lagoa é removida pelo fluxo de seu efluente e pelas ações de limpeza de dois barcos e uma pequena balsa a serviço da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Os outros 80%, que correspondem a mais de 40 toneladas, ficam depositados.

Para mostrar essa degradação ambiental, a reportagem do Estado de Minas percorreu os oito cursos d’água que carregam todo tipo de lixo e esgoto para a Pampulha. Os poluentes saem de bairros da capital e de Contagem, na região metropolitana. Os riachos recebem dejetos de comunidades em ocupações irregulares ou que simplesmente não dispõem de rede de coleta da Copasa.

Os números, que mostram a situação de deterioração acelerada da lagoa em medições deste ano, constam do Atlas da Qualidade da Água do Reservatório da Pampulha. O EM teve acesso exclusivo ao trabalho, produzido pelo Laboratório de Gestão Ambiental de Reservatórios (LGAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que será publicado no ano que vem. “O resultado mostra que a lagoa está altamente poluída”, atesta o coordenador do LGAR, o biólogo Ricardo Motta Pinto Coelho, que produziu o atlas em conjunto com os alunos e pesquisadores.

O esforço de limpeza hoje se limita ao recolhimento do lixo que flutua sobre o espelho por 30 funcionários de uma empresa terceirizada. Segundo a prefeitura, nos dias secos são removidas 10 toneladas de garrafas PET, embalagens, caixas de leite, de papelão, entre outros objetos descartados. O volume coletado dobra no período chuvoso, carreado pelas enxurradas que lavam as ruas e engrossam os córregos. “A coleta feita hoje é necessária para não entrarmos num estágio insustentável. Mas ainda é muito pouco perto dos esforços necessários para que a Pampulha possa receber atividades aquáticas, por exemplo”, diz Coelho.

Problemas demais

O atlas identifica ainda uma série de outros problemas que contribuem para degradar a lagoa. Os principais são assoreamento, verticalização da orla, trânsito excessivo de veículos, invasão de espécies exóticas e proliferação de algas e cianobactérias devido ao desequilíbrio da entrada de nutrientes na lagoa.

Como resultado, mesmo com o trabalho diário de limpeza surgem mosaicos de lixo sobre lodo e algas cobrindo extensas partes da lagoa, principalmente nos contornos das margens. O mau cheiro se alastra para as áreas de lazer e incomoda quem pretende se exercitar, caminhar ou pedalar admirando o paisagismo e os monumentos do cartão-postal.

“A lagoa está muito suja e fedorenta. Deixa menos agradável a nossa caminhada. É triste vir a um lugar bonito e ver pássaros se alimentando no meio do lixo”, afirma o técnico em informática Alvair de Oliveira Júnior, de 28 anos. Diariamente, ele caminha pela orla com a mulher, a turismóloga Wilney Almeida Carmo, de 38.

Repórter registrou os problemas. Veja:




receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)