Dois soldados da Polícia Militar de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, um da 1ª Companhia de Missões Especiais e outro do 39º Batalhão da PM, estão presos em uma unidade da corporação suspeitos de matar a tiros Alex de Faria Diniz, de 19 anos, por volta das 19h de sábado, no Bairro Lindeia, na Região do Barreiro, na capital. Os militares, comandados por um sargento, teriam invadido a casa da vítima para apreender uma arma, mas alegaram que foram recebidos a tiros e dispararam em legítima defesa. A família de Alex tem outra versão e denuncia que um dos soldados tinha uma rixa antiga com a vítima e a morte foi por vingança.
A Delegacia de Homicídios de Contagem vai instaurar inquérito para apurar o assassinato, mas a Polícia Militar, segundo o chefe de Comunicação, tenente-coronel Alberto Luiz, também já instaurou Inquérito Policial Militar (IPM) e mantém os suspeitos presos à disposição da Justiça, em uma unidade da PM cujo nome é mantido em sigilo.
O soldado da Companhia de Missões Especiais contou que estava de folga, à paisana, e quando passava de moto pela rua avistou Alex armado. Conta que pediu reforço policial e quando chegaram à casa de Alex, que era próxima, ele já estava sobre a laje disparando tiros. Os soldados e o sargento entraram na casa e Alex teria feito a mulher e o filho de seis meses como escudo, mas que foram retirados do local pelos PMs. Apenas os soldados teriam disparados tiros. “Os soldados disseram que salvaram duas pessoas e que revidaram agressão”, informou o tenente-coronel.
“Também estamos abrindo uma sindicância regular para também apurar possível envolvimento de um dos militares que estava de folga e que se colocou de serviço ao ver a suposta vítima armada”, disse o tenente-coronel Alberto Luiz. Segundo ele, a Lei 5.310, que trata do Estatuto do Militar Estadual de Minas Gerais, diz que o militar, mesmo de folga, está à disposição do serviço 24 horas.
Família acusa
A tia de Alex, Silvana Faria Silva, disse que, na terça-feira, o sobrinho brigou com um militar dentro de um supermercado, enquanto fazia compras com a mulher e o filho de seis meses. Durante o desentendimento, o policial teria ameaçado Alex de morte. Dias depois, segundo Silvana, o militar teria ido à casa da vítima em companhia de outros colegas e atirado no carro do rapaz.
Parentes contaram ainda que, no sábado, o PM retornou à casa de Alex, à paisana, arrebentou o cadeado a tiros, invadiu a casa e cometeu o crime. Segundo familiares, a casa foi totalmente revirada e tiros foram disparos nas vidraças e nas portas.
A tia contou ainda que Alex foi amarrado com um lençol e arrastado para uma viatura, sendo levado para outro local. Mais tarde, a família foi informada da morte dele. A mulher de Alex também teria sido agredida, segundo a tia, na frente do bebê. Para a família, os PMs devem ser presos e julgados pelo homicídio.
Briga
Primo da vítima, o motorista Valtamir de Lima Galdino, de 31 , também acredita em vingança. “O PM e meu primo discutiram no supermercado e temos imagens gravadas como prova e também boletim de ocorrência. O motivo da briga ninguém sabe. Sábado retrasado, de madrugada, o PM passou de moto e atirou no carro de Alex. Agora, ele voltou acompanhado de outros PMs para matá-lo”, disse Valtamir.
O primo conta que a mulher de Alex disse em delegacia que realmente o primeiro tiro partiu de Alex. “Meu primo não tinha passagens pela polícia, tinha atestado de bons antecedentes e trabalhava na transportadora do pai. Ele passou a andar armado depois que recebeu ameaças do policial”, disse Valtamir. Segundo ele, o soldado já foi vizinho de Alex.
Alex foi baleado duas vezes no abdome e chegou ser socorrido no Hospital Municipal de Contagem, onde morreu. O corpo foi velado ontem no Barreiro e sepultado à tarde no Cemitério do Flamengo, também em Contagem.