Em julho do ano que vem, a região da Pampulha será o centro das atenções da capital mineira. Porém, faltando pouco mais de um ano para a Copa das Confederações, evento teste da Fifa para a Copa do Mundo de 2014, o cenário no entorno da lagoa é desanimador quando o assunto é mobilidade. O trânsito está estrangulado e os bairros residenciais se transformaram em rota de passagem de milhares de carros. A explosão da frota de veículos em 100% nos últimos 10 anos é a causa, segundo especialistas, da insatisfação da maioria dos moradores dos 57 bairros e vilas da Pampulha.
Esse crescimento, segundo o consultor em transporte e trânsito Paulo Rogério Monteiro, será responsável por injetar mais carros e motos no trânsito da Pampulha, o que vai piorar ainda mais a situação dos gargalos da região. Ele aponta três principais trechos responsáveis pelo estrangulamento de todo o entorno: a rotatória do Zoológico, a barragem da lagoa e o entroncamento da Cristiano Machado com a entrada do Bairro Primeiro de Maio. “Todos que estão ao norte da lagoa precisam, obrigatoriamente, passar por esses três pontos. Funciona como uma ampulheta onde tudo afunila para esses três locais. A consequência imediata desses gargalos é a sobrecarga nos bairros, que absorvem todo o tráfego. E não temos o movimento apenas de veículos da capital, mas de todas as cidades da Grande BH”, diz Monteiro.
Outro problema grave, segundo o especialista, é a ausência de vias transversais, aquelas que ligariam as grandes avenidas da região, como Antônio Carlos e Carlos Luz, próximas à lagoa. “Com a ausência dessas ligações, sobra para os bairros o trânsito de passagem. Temos o exemplo clássico do Ouro Preto, que serve de passagem para quem quer ir do Castelo até a Catalão, e do Bandeirantes, que serve de passagem entre pontos da lagoa”, diz o consultor. Ainda segundo Monteiro, a Avenida Portugal é uma via transversal, de acordo com o Plano Diretor da capital, mas não funciona como tal na prática. “São muitos quebra-molas, velocidade de apenas 30km/h em alguns trechos e inúmeras ilhas centrais que não ajudam o pedestre e prejudicam a circulação dos carros”, conclui.
O coordenador de vendas Julius Silva, de 46 anos, é morador do Bairro Santa Amélia e um dos motoristas que sofrem com o gargalo na avenida, que chega a parar nos horários de maior tráfego. “Normalmente, da minha casa à lagoa, em condições normais, não gasto mais que cinco minutos. No pico, são no mínimo 20 minutos no mesmo percurso”, conta. O administrador de empresas Maurício Ferreira, 46, mora no Bairro Palmares, Nordeste de BH, mas faz quase tudo na Pampulha. “Já pensei em me mudar para essa região várias vezes, mas o trânsito é caótico. Essa é a única coisa que me impede de morar aqui”, afirma Maurício.