A Polícia Federal faz nesta segunda-feira uma operação para desarticular quadrilhas especializadas no tráfico ilícito de aves silvestres e exóticas em nove estados brasileiros, entre eles Minas Gerais. Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão para recolher animais e três ordens de prisão.
A polícia descobriu há cerca de um ano que aves originárias do Equador, Peru e Venezuela eram contrabandeadas por criadores de canários que obtinham grandes quantias em dinheiro nas chamadas rinhas. Os animais eram comprados nesses países por cerca de R$ 12 e vendidos no mercado clandestino brasileiro a partir de R$ 130.
Segundo a PF, nas rinhas os canários são avaliados de acordo com a habilidade apresentada, podendo ser negociados a R$ 100 mil . As apostas também alcançavam vultosas quantias, com valores que chegavam a R$ 50 mil.
Como mecanismo para promover uma pseudo-legalização ou “lavagem” do animal, os investigados fraudavam sistemas federais de controle do IBAMA, com falsificações e adulterações das anilhas. Boletins de ocorrência policial também foram utilizados para justificar a comercialização irregular das aves pelos criadores amadoristas cadastrados.
Dentre os envolvidos, ao menos oito possuem cadastro no sistema do IBAMA. As quadrilhas cercadas nesta segunda pela PF chegaram a ser multados pelo órgão federal nos últimos dez anos em valor superior a R$ 30 milhões por diversas irregularidades: transporte clandestino, comércio ilícito e manutenção em cativeiro de animais.
Para introduzir as aves clandestinamente no país, a organização criminosa contava com o apoio de um policial civil, que chegava a receber cerca de R$ 3 mil por carregamento. No decorrer das investigações, mais de doze mil aves contrabandeadas pelas quadrilhas foram apreendidas em rodovias e aeroportos de diversos estados.
No total, 62 mandados judiciais são cumpridos Pernambuco, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Ceará, Amazonas, Santa Catarina, Roraima, Distrito Federal e Minas.
Os presos, de acordo com suas condutas, responderão pelos crimes de corrupção ativa, contrabando, receptação, formação de quadrilha, falsificação de selo público, inserção de dados falsos em sistema de informações, além de inúmeros crimes ambientais, cujas penas, somadas, podem chegar até 50 anos de reclusão.