O procurador de Justiça José Ronald Vasconcelos Albergaria, que em 1997 atuou como promotor no processo que condenou a 16 anos de prisão o porteiro Paulo Antônio da Silva por estupro, não descarta a possibilidade de erro. A suspeita foi levantada com a prisão do ex-bancário Pedro Meyer Ferreira Guimarães, acusado de estupros, alguns no Bairro Cidade Nova, Região Noroeste da capital, onde trabalhava o porteiro, que jura e sempre jurou inocência. A semelhança física entre os dois reforça a suspeita de erro judicial.
O procurador solicitou à Procuradoria-Geral de Justiça o desarquivamento do processo para estudá-lo, havendo possibilidade de o caso ser reaberto. Ele lembra que as vítimas identificaram, “sem pestanejar”, Paulo Antônio como autor dos crimes. “Diante da palavra segura das vítimas, cabia a condenação. Agora, se as vítimas estão se desdizendo e apontando outro rapaz como autor dos estupros, a Justiça vai ter de se pronunciar. Acho estranho essa mudança de comportamento das vítimas”, disse o procurador.
Outra falha do processo, segundo Siqueira, foi não ter havido reconhecimento formal do cliente pelas jovens que o acusavam. “Não colocaram meu cliente entre outros homens para que elas pudessem apontá-lo. Tudo foi feito de forma muito simplória. Meu cliente sempre alegou inocência e tentou se matar cortando os pulsos. Chegou a ser internado no Hospital Raul Soares”, disse o advogado.
O porteiro Paulo Antônio foi preso em 1º de abril de 1997, então com 51 anos, suspeito de estuprar três menores. Em setembro de 1997, foi condenado a 16 anos e ficou preso quatro anos e três meses. Em julho de 2001 foi para o semi-aberto e novembro de 2002 para o regime aberto. Em fevereiro deste ano, obteve a liberdade condicional. Pimo de Paulo Antônio, o assessor parlamentar Eustáquio Alexandre Teixeira Silva, de 52, informou que a família já contratou um advogado para pedir a reabertura do caso.