
O documento do TCU traz recomendações ao governo federal para apressar a revitalização do leito, tomada por bancos de sedimentos em vários pontos de sua calha.
O cenário, que já se tornou comum para os ribeirinhos, é, sobretudo, efeito da ocupação de quem mora bem distante da margem, capaz de alterar o leito onde ainda corre uma vazão estimada de 88 trilhões de litros d’água ao ano. De acordo com o relatório do TCU, de um total de 36 tributários do Velho Chico, 16 rios até então perenes se tornaram intermitentes.
“É um equívoco pensar no São Francisco com foco apenas no leito. O rio só existe por causa das bacias tributárias. A perda da vazão do Velho Chico é resultado da perda da vazão de seus afluentes”, explica o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Geraldo Santos. Terceira maior do país, reunindo 14,3 milhões de habitantes em sua área de influência, 7,5% da população brasileira, a bacia do São Francisco corre por seis estados, além do Distrito Federal.
O curso de seus 2,8mil quilômetros começa na Serra da Canastra, em Minas, estado onde estão concentrados 70% dos moradores. No território mineiro estão também 10 importantes tributários – entre eles Paracatu, Velhas, Verde Grande e Paraopeba –, que nem sempre levam ao Rio da Integração Nacionalo que ele de fato merece.
Segundo o Panorama das Águas Superficial de 2012, divulgado mês passado pela Agência Nacional de Águas (ANA), a Região Metropolitana de Belo Horizonte contribui com 30% da carga de esgoto remanescente nas águas do São Francisco. Em outra vertente de agressões, o aumento dos processos erosivos levou cursos d’água a secar e mudou o ambiente. “O assoreamento nos trouxe um rio com ecossistema modificado e grande perda na quantidade de peixes. A navegação ficou absolutamente prejudicada e hoje já não épossível mais sair de Pirapora rumo a Juazeiro (BA)”, lamenta Geraldo Santos. (Com Flávia Ayer)