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Estado de Minas

Demora da polícia contribui com congestionamentos na capital

Além de todos os problemas do trânsito, a lentidão da PM e de peritos para se deslocar a locais de acidentes e liberar pistas contribui para congestionar avenidas de Belo Horizonte


postado em 28/07/2012 06:00 / atualizado em 28/07/2012 07:18

Além de todos os problemas do trânsito, a lentidão da PM e de peritos para se deslocar a locais de acidentes e liberar pistas contribui para congestionar BH(foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)
Além de todos os problemas do trânsito, a lentidão da PM e de peritos para se deslocar a locais de acidentes e liberar pistas contribui para congestionar BH (foto: Euler Júnior/EM/D.A Press)

Pelo celular, o tenente Cristian Coelho, do Corpo de Bombeiros, atendia ocorrências e coordenava ações na Avenida dos Andradas no fim da manhã de quinta-feira. Chamadas de emergência se acumulavam, mas ele e outros dois militares não podiam atendê-las. Tinham de ficar parados, ocupando a pista da direita, enquanto aguardavam a chegada da Polícia Militar para registrar um acidente. A vítima, um motociclista que bateu na mureta de concreto do Ribeirão Arrudas, tinha até sido removida. “Temos de esperar a PM”, resignou-se o oficial. Cones e a viatura ficaram por uma hora na avenida, deixando o trânsito lento no movimentado cruzamento com a Rua Itaituba, no Bairro Esplanada. No dia anterior, um acidente na BR-356 já havia provocado lentidão na Avenida Raja Gabaglia e no entorno do Bairro Belvedere e do BH Shopping. Nesse caso, o problema foi a demora de peritos criminais: a batida que provocou a morte de um motociclista ocorreu por volta das 7h40, mas a pista só foi liberada mais de três hora depois.

Os dois casos expõem um problema que contribui para congestionamentos na capital. Não bastasse o aumento médio de 6% ao mês da frota, que já chega a 1,4 milhão de veículos, a demora no atendimento de acidentes complica ainda mais a fluidez do trânsito belo-horizontino. Quanto mais tardam peritos criminais, policiais de trânsito ou socorristas, mais tempo os veículos ficam parados no local em que se acidentaram. De acordo com a diretora de informação e atendimento da BHTrans, Jussara Bellavinha, uma batida entre moto e carro, por exemplo, pode provocar até quatro horas de lentidão em vias de grande movimento. “Na Avenida Cristiano Machado, um acidente desses toma duas faixas e deixa apenas metade para os carros circularem”, disse.

Os profissionais que atuam em acidentes reconhecem problemas. Depois de os bombeiros terem ficado uma hora parados na Avenida dos Andradas, enfim uma viatura do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) apareceu, com dois policiais. Perguntado sobre eventuais problemas de tráfego ou excesso de chamadas, um dos militares revelou que o principal gargalo é a falta de efetivo para atender a acidentes. “Só temos dois policiais para atender cada área de Batalhão. Dois para o 22º Batalhão (Região Centro-Sul), dois para a área do 5º Batalhão (Região Oeste). Aí, o que acontece é que as pessoas não tiram os carros da pista e vão congestionando o trânsito”, disse o militar, na condição de não ter o nome revelado. Uma análise do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) sobre 954 atendimentos a batidas dá dimensão do problema. Em 54% dos casos, os policiais levaram mais de 30 minutos para chegar ao local.

Perícia engarrafada Peritos também admitem dificuldades. Segundo o sindicato da categoria, há apenas dois profissionais por cada turno de 12 horas para atender a todos os acidentes na cidade. Os peritos são acionados em caso de acidentes com vítimas graves, mortes e crimes de trânsito. No plantão, trabalham também dois peritos responsáveis pelos casos de crimes contra a vida, dois funcionários na área de patrimônio e um na engenharia. “Em média, levamos duas horas para chegar aos locais dos acidentes”, calculou o presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de Minas Gerais (Sindpecri), Wilton Ribeiro de Sales. Ele reclama de condições precárias de trabalho. Faltariam trenas para medições, pranchetas e viaturas em boas condições, além de reforço no quadro de pessoal. “Temos três viaturas por turno. O rádio de uma está quebrado e a sirene e o giroflex da outra não funcionam. Como então passar com agilidade num trânsito engarrafado?”, pergunta.

Os reflexos desses problemas afetam quem se acidente e quem está no trânsito. No acidente de quarta-feira, no Olhos D’Água, Anilson Lúcio Luiz Pereira, 26 anos, morreu quando sua moto foi atingida por um ônibus. O amigo dele, Jonathan Lee Fernandes, de 20, que seguia numa motocicleta à frente, conta que a perícia levou duas horas para chegar e a Polícia Militar, e mais 40 minutos para liberar o veículo. “Foi muito tempo esperando naquela situação complicada de morte de uma amigo”, lamenta. Por causa do acidente, o trânsito fluiu apenas pelo acostamento da BR-356, no sentido Rio. Na Avenida Nossa Senhora do Carmo, o congestionamento se estendeu até à curva do Ponteio Lar Shopping. No sentido contrário da BR-356 também houve filas. O trânsito ficou lento também no Bairro Belvedere, na MG-030, na Avenida Raja Gabaglia e em todo o entorno do BH Shopping, por cerca de quatro horas. (Colaborou Guilherme Paranaiba)


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