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Estado de Minas

Incêndio devasta parque da Serra da Canastra

Com 25% dos seus 200 mil hectares queimados, santuário ecológico é fechado à visitação. Fogo chega à Cachoeira Cascad'u'anta, maior atração da área, mas não à nascente do São Francisco


postado em 15/09/2012 06:00 / atualizado em 15/09/2012 07:05

Três aeronaves lançadoras de água foram usadas para ajudar no combate às chamas, que consomem a vegetação e matam animais(foto: Joe Stevens/BBC/Divulgação)
Três aeronaves lançadoras de água foram usadas para ajudar no combate às chamas, que consomem a vegetação e matam animais (foto: Joe Stevens/BBC/Divulgação)

No oitavo dia de fogo no Parque Nacional da Serra da Canastra, completado ontem, as chamas chegaram ao alto da Cachoeira Cascad’anta, maior atração do santuário ecológico de 200 mil hectares da reserva ambiental localizada no Sudoeste de Minas. O incêndio mobilizou três aeronaves tipo airtractor – lançadores de água – e 63 pessoas no trabalho de combate aos focos que causaram uma verdadeira devastação à região. De acordo com o chefe da unidade de conservação, Darlan Pádua, desde quinta-feira da semana passada 25% da área total do parque já foram queimados, o que corresponde a cerca de 50 mil hectares. Por causa do incêndio, o parque, que até então estava com visitação restrita e acesso apenas por uma portaria, foi totalmente fechado ontem e permanece sem previsão de voltar a ser aberto ao público.

Dos 64 combatentes, 24 são da unidade de conservação. Alguns deles foram deslocados de suas funções no parque em postos administrativos e operacionais, o que contribuiu para o fechamento dos portões. Além da Canastra, outras 12 áreas verdes preservadas – 10 estaduais e duas federais – estavam em chamas ontem, com trabalho de combate a incêndio em andamento.

Conforme a previsão do chefe do Parque Nacional da Serra da Canastra, o fogo deveria ser totalmente debelado na noite de ontem, mas havia chances de que a vegetação voltasse a queimar já na manhã de hoje. No trabalho de ontem, apesar de o incêndio ter atingido a parte superior da Cascad’anta, a nascente do Rio São Francisco foi preservada, o que também ocorreu na região onde brota o Rio Araguari.

OBSTÁCULOS No trabalho de ontem, brigadistas do parque e homens do Corpo de Bombeiros e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) encontraram obstáculos na luta incessante contra o fogo, especialmente por conta do relevo íngreme da região. “O local é de difícil acesso e de altíssima declividade”, afirma Pádua. Os ventos fortes também comprometem as atividades dos combatentes, que já estão fadigados depois de uma semana em campo. Ainda ontem, havia previsão de chegada à Canastra de 14 brigadistas do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, que reforçariam as equipes.

Para o chefe do parque, os danos causados à fauna e à flora da região são incalculáveis. “Os animais maiores conseguem fugir, mas correm risco de morrer queimados em outras regiões. Os de menor porte se escondem na vegetação ou no solo e não sobrevivem”, disse. Os prejuízos financeiros do fogo também são imensos, segundo Pádua. “O dinheiro gasto com o trabalho das aeronaves e das equipes poderia estar sendo destinado a algum investimento público para o estado. E está sendo usado para apagar fogo”, lamentou. Conforme o chefe da unidade de conservação, não é possível saber as causas do fogo, mas há possibilidade de que os focos sejam criminosos. “Não há tempo para fazer esse tipo de investigação. Nossa prioridade é apagar o fogo, que em alguns casos surge na área interna do parque, mas também vem de fora, provavelmente de alguma fazenda”, afirmou.

Calor dá trégua, mas permanece

Os termômetros resolveram dar uma breve trégua ontem em Belo Horizonte, com 6°C a menos do que o recorde registrado na quinta-feira, quando a temperatura na capital atingiu a marca de 35,3°C. Ontem, os índices foram mais generosos: o calor ultrapassou os 30°C, como vinha ocorrendo há cinco dias, e a máxima chegou aos 29,3°C. A umidade também melhorou. Pela manhã atingiu 45%, um pouco mais agradável do que à tarde, quando o índice foi a 36%. E como não se via há muitos dias, choveu isoladamente em bairros da Região Centro-Sul, o que também ocorreu em Betim, Contagem e Sete Lagoas.

Conforme explica o geógrafo do Setor de Planejamento Energético da Cemig, Carlos Wagner Coelho, o alívio na temperatura ocorreu devido à chegada de uma massa de ar polar sobre a Região Sudeste do país. A redução nos termômetros foi mais forte no Sul, Zona da Mata e Região Central de Minas. Em Viçosa, na Zona da Mata, choveu granizo e cerca de 200 casas tiveram seus telhados atingidos pelas pedras de gelo de aproximadamente quatro centímetros de diâmetro. “No Triângulo Mineiro, assim como no Norte e Noroeste do estado, o calor continua”, disse Coelho.

Apesar da pausa no calorzão em Belo Horizonte, as previsões para os próximos dias são de temperaturas em alta. O fim de semana é de muito sol e calor e os temporais devem ocorrer apenas no fim do mês, a partir do dia 20. (VL)


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