A onda de violência que assusta Belo Horizonte nas últimas semanas, principalmente a Região Centro-Sul, levou o secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, a admitir ontem a necessidade de aumentar o efetivo das polícias Militar e Civil e buscar maior diálogo com a população. As novas ações foram anunciadas depois de reunião de Ferraz com comandantes das duas corporações, quando ficaram decididos ajustes, como aumentar número de policiais e intensificar conversas com as associações de moradores. Outra medida é fazer com que a PM dê orientações sobre o funcionamento da segurança privada em condomínios fechados.
Apesar de dificuldades, segundo Ferraz, o governo tem se empenhado para recompor o efetivo das polícias. Ele disse que até sexta-feira será anunciado reforço para a PM. “Medidas paralelas também serão adotadas para ajudar a recomposição dos quadros da PM. O governador está finalizando um estudo para nova inclusão na PM e nos bombeiros, além de medidas para contenção de evasão nas polícias”, informou.
Hoje, a PM conta com 43 mil militares, dos quais 7 mil na capital. A Polícia Civil ganhará 280 escrivães no próximo mês e, em março de 2013 mais 290 novos delegados. “Independentemente da questão material, do ponto de vista institucional a gente tem feito um esforço para envolver as bases das instituições”, sustenta.
Moradores da Região Centro-Sul estão se mobilizando diante de uma onda de assaltos a residências. No dia 7, a atriz Cecília Bizzoto Pinto, de 32 anos, foi assassinada em casa, no Santa Lúcia.
Com medo, moradores do Bairro Comiteco vão se reunir com a PM na próxima terça-feira para buscar orientações de como agir em casos de sequestros, assaltos, furtos e invasões de residências. Eles querem ainda informações sobre a escala de policiamento no bairro. “No ano passado, o Comiteco teve 37 casos de crimes violentos, como assaltos a mão armada em casas. Este ano, já tivemos 19 ocorrências, segundo a PM. Já perdemos as contas de quantos arrombamentos de casas tivemos este ano”, reclama a psicóloga Renata Borja, que mobiliza a comunidade para criação de uma associação de moradores.
Desde que o comerciante César de Moura Gomes foi ferido a tiros numa tentativa de assalto no Belvedere, em agosto, o bairro passou a ter policiamento diferenciado, segundo o secretário Rômulo Ferraz, e as medidas serão ampliadas para outras regiões. “São cinco pontos em que a PM se reveza. Empregados das casas participam de reuniões e recebem orientações de como agir ”, diz o secretário.
Alerta
A comunidade, porém, cobra mais. O presidente da Associação dos Moradores do Belvedere, Ricardo Jeha, avalia que é preciso uma comunicação mais direta com quem faz o patrulhamento ostensivo. “A PM tem que liberar um número de celular para moradores falarem com a patrulha que faz ronda. O telefone 190 filtra tudo e eles não vêm à toa , além de demorarem a atender”, criticou.
O secretário disse que novos equipamentos estão sendo adquiridos para a PM e que R$ 9 milhões já estão garantidos. “São equipamentos que vão ajudar a PM a ter uma ostensividade e presença mais próxima da comunidade. Essa visibilidade já está tendo aqui em BH. Há muito mais viaturas rodando”, afirmou.
Sobre medidas anunciadas na semana passada, como a que prevê destacar um PM para fazer interlocução com cada bairro, o secretário admitiu que apenas em dezembro deverão ter resultados mais efetivos, com a entrada em vigor do projeto de dividir BH em 96 setores de policiamento.
Soluções contra a violência
A Polícia Militar abriu nessa terça-feira um ciclo de reuniões com líderes comunitários das regionais de Belo Horizonte. O encontro de ontem ocorreu no 22º Batalhão da PM (foto). O coronel Rogério Andrade, comandante do policiamento da capital, apresentou as propostas de patrulhamento integrado com a comunidade, com destaque para a setorização, em que cada bairro terá um policial como referência. Ele falou também sobre a implantação de um canal de comunicação por e-mail com os líderes. Dirigentes das associações demonstraram otimismo com as propostas, mas entregaram um abaixo assinado demonstrando a insatisfação dos moradores com o avanço da violência. Hoje, reunião similar será realizada com a comunidade da Região Noroeste, e amanhã da Leste.