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Estado de Minas

Em um mês de operação, frescão acelera em Belo Horizonte

Linhas de ônibus executivos têm demanda crescente e já recebem 1,2 mil passageiros por dia. Muita gente troca o carro pelo coletivo para trabalhar


postado em 17/10/2012 06:00 / atualizado em 17/10/2012 07:07

Ocupação dos veículos para a Cidade Administrativa ainda é de apenas 30%, o que é atribuído a obras na Avenida Cristiano Machado(foto: Fotos: Euler Júnior/EM/D.A Press)
Ocupação dos veículos para a Cidade Administrativa ainda é de apenas 30%, o que é atribuído a obras na Avenida Cristiano Machado (foto: Fotos: Euler Júnior/EM/D.A Press)


Viagens promissoras no aniversário de um mês do sistema executivo de transporte público de Belo Horizonte, o frescão. Há 30 dias em funcionamento, as linhas pioneiras S01 (Savassi-Cidade Administrativa) e S02 (Savassi-Buritis) viram o número de passageiros triplicar nas três primeiras semanas de operação. De 400 usuários/dia, os ônibus passaram a transportar 1,2 mil pessoas diariamente. “A demanda tem sido crescente a cada semana”, garante o diretor de Desenvolvimento e Implantação de Projetos da BHTRans, Daniel Marx.

Ainda assim, a ocupação não passa da metade da capacidade de transporte. No percurso para o Buritis, chega a 50%, enquanto no trecho para a nova sede do governo do estado está em 30%. Para a empresa que gerencia o trânsito na capital, os números são animadores, já que a ocupação era um terço da atual na inauguração. Apesar disso, há resistência no sentido Cidade Administrativa devido às obras na Avenida Cristiano Machado.

Entre os que tomaram gosto pelo frescão estão passageiros que migraram do sistema convencional e outros que admitem estar deixando o carro em casa para se livrar do caos no trânsito. O motivo da troca é visível durante as viagens. Com temperatura agradável, graças ao ar condicionado, os passageiros seguem todos sentados em poltronas confortáveis com cinto de segurança. Aproveitam a tranquilidade para assistir a programação de TV, ler revista, navegar na internet, adiantar os compromissos de trabalho no lap top ou tirar uma soneca. Benefícios impagáveis para quem diariamente precisava enfrentar o desgaste diário de longos congestionamentos.

Satisfação

Como o conforto tornou-se a palavra de ordem para quem já se decidiu pelo frescão, nem mesmo o custo da passagem acima de R$ 2,65, pago no ônibus convencional, tem sido um incômodo. Na linha Savassi/Cidade Administrativa a tarifa é de R$ 5, enquanto no trecho para o Buritis o passageiro paga R$ 4. Ao fim do mês, o custo com o transporte é de aproximadamente R$ 220 e de R$ 176, respectivamente, se considerados os dias úteis. Valores bem mais altos do o que os R$ 116 gastos no sistema normal.

A diferença, no entanto, não tem pesado no bolso dos que fizeram a opção por deixar o automóvel na garagem. É o caso do advogado Eduardo José Mourão Moreira, de 25 anos, que mora no Buritis (na Região Oeste) e trabalha no Bairro de Lourdes (Centro-Sul). Desde o primeiro dia do serviço tornou-se passageiro assíduo e não economiza elogios ao sistema. “Tinha um gasto mensal de R$ 400 com gasolina e estacionamento. Agora, gasto menos de R$ 200 e não preciso mais enfrentar o caos do trânsito nem me preocupar em deixar o carro na rua”, diz.

Eduardo foi um dos 31 passageiros que viajaram na linha Buritis/Savassi às 8h de ontem. A viagem saiu sem atrasos e demorou 45 minutos, cerca de 15 a mais do que o habitual, já que o trânsito estava engarrafado na saída do bairro. Da janela do frescão, a consultora de sistemas Denise Freitas Monteiro, de 45, observava tranquila o tumulto do trânsito. “Nem hesitei quando soube deste ônibus. Vim há dois anos do Rio de Janeiro, onde o sistema é muito comum e sempre fui usuária dessa modalidade. Para mim foi um alívio deixar o carro na garagem”, explicou a passageira.

A opção também significou economia para Denise, que por não gostar muito de dirigir costumava ir de táxi para o trabalho na Avenida Raja Gabaglia. “Gastava até R$ 30 por dia com o táxi. Pagar R$ 8 (ida e volta) está sendo ótimo”, disse.

Economia com o carro na garagem

O motorista Edmar Carlos Deodoro atesta as mudanças. Segundo ele, as reclamações da época da implantação do frescão diminuíram. “Antes, havia muita gente reclamando do ar e da internet, que era lenta. Hoje, a maior parte está satisfeita”, diz o condutor, que também se gaba de trabalhar com um público mais tranquilo e educado. O colega Mário Lúcio da Silva, que fez a viagem com saída do Buritis às 9h30, reconhece que a frequência é maior á tarde. É nesse horário que a servidora pública Ana Cristina Assunção, de 34, aproveita para finalizar tarefas pendentes do trabalho usando a internet do frescão. “Estou usando o novo sistema desde o primeiro dia. Estou supersatisfeita”, disse a usuária, que passou a economizar R$ 290 gastos com estacionamento e gasolina para se deslocar do Buritis à sede do Ministério Público, no Bairro Santo Agostinho.

Mesmo com o valor mais alto do que eixo Buritis, quem viaja na linha Savassi/Cidade Administrativa afirma estar satisfeito. A vantagem, no entanto, é maior para quem abandonou o carro, como o funcionário público Mário Marques, de 60. “Da minha casa, no Sion (Centro-Sul), até o Serra Verde são 25 quilômetros. Se for de carro, gasto R$ 18 e ainda tenho de me estressar em congestionamentos. Para mim é muito mais vantagem gastar R$ 10 no ônibus”, garante.

Ele foi um dos 12 passageiros que fizeram o percurso até a sede do governo ontem às 10h30. A viagem foi tranquila, sem congestionamentos e durou 50 minutos. No entanto, Mário adverte: “Para grande parte das pessoas que andam nos ônibus convencionais o preço é salgado. Talvez por isso não tenha tido maior adesão”, reconhece.

Queixas

Apesar de não comprometer a viagem, ainda há queixas dos usuários sobre a qualidade do ar condicionado e da televisão. De acordo com o servidor público Mário Marques, de 60, que mora no Luxemburgo e trabalha na Cidade Administrativa, frequentemente a TV fica fora do ar. No ônibus em que ele viajava no fim da manhã de ontem, era nítida a diferença de temperatura. Na parte traseira, estava frio enquanto na frente o motorista suava.

Conforme o diretor de Desenvolvimento e Implantação de Projetos da BHTRans, Daniel Marx, ajustes já foram feitos depois da inauguração, especialmente no ar condicionado e nos horários. “Qualquer problema deve ser relatado para apurarmos”, disse o diretor.

Mais três linhas no ano que vem

O serviço de transporte executivo em Belo Horizonte já tem previsão de ser ampliado com a implantação em 2013 de mais três linhas. O projeto prevê saídas dos bairros Belvedere, Sion e Carlos Prates, todas em direção à região hospitalar, no Bairro Santa Efigênia. A primeira terá o percurso pelo Bairro Serra, enquanto a segunda segue pela Savassi. Da direção Oeste partirá linha Carlos Prates que terá 17 quilômetros de extensão e atenderá a pontos importantes como o fórum, assembleia e a Praça da Liberdade.

Nos planos da BHTrans estão também a implantação de duas linhas turísticas. A Centro-Sul, prevista para operar em fevereiro de 2013, partirá do Bairro Mangabeiras, passando por pontos turísticos como o mirante, Praça do Papa, Parque Municipal, Praça da Estação, Mercado Central e Museu Abílio Barreto, entre outros. Já a linha Pampulha seguirá pelos principais pontos de visitação da orla, além de atender a centros comerciais como os shoppings Del Rey e Minas Shopping. “A ideia é ligar esses locais a pontos onde o turista poderá fazer compras e ter atrativos”, explica o diretor de Desenvolvimento e Implantação de projetos da BHTRans, Daniel Marx. A segunda linha está prevista 2014, com os mesmos valores praticados nas linhas executivas. “Os trechos mais extensos custarão R$ 5, enquanto os mais curtos serão de R$ 4.

Outra novidade, mas ainda sem prazo, será a inauguração do serviço de TV aberta nos ônibus que já circulam no Buritis e na Cidade Administrativa.


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