Trabalhadores do transporte escolar de Belo Horizonte participaram de uma manifestação na manhã desta sexta-feira para cobrar explicações da BHTrans sobre um novo credenciamento aberto, recentemente, para o setor. Durante o protesto, em um ato simbólico, os trabalhadores lavaram a porta da empresa, que fica no Bairro Buritis, Região Oste de Belo Horizonte. Em seguida, seguiram em carreata até a porta da Prefeitura de Belo Horizonte, na Avenida Afonso Pena, no Centro.
Segundo Carlos Eduardo Santos, do Movimento Acorda Transportador, que organizou a manifestação, atualmente a frota do transporte escolar da capital é de 1.750 veículos – a maior do país, segundo um levantamento do sindicato da categoria -, e a empresa teria aberto mais mil vagas. A categoria afirma que a abertura das vagas vem sendo feita sem estudos para verificar quantos profissionais são necessários. Com o grande aumento dos transportadores, o número de alunos por veículo diminui, impactando na arrecadação dos trabalhadores, o que pode reduzir a qualidade do transporte. “Foram 353 permissões devolvidas, o que comprova que não há viabilidade”, explica Santos, se referindo ao credenciamento feito no passado.
Assim, os trabalhadores pedem que a empresa faça um estudo de viabilidade econômica para avaliar qual é a quantidade de transportadores necessária para a capital. Ainda de acordo com Santos, os transportadores mais antigos possuem um contrato com a empresa, através de licitação, até 2031, e esse tipo de credenciamento altera a ordem mercadológica.
Demanda
Nesta manhã, quatro representantes da categoria foram recebidos pelo presidente da BHTrans, Ramon Victor César. Ele explica que a abertura do credenciamento, que termina em 21 de novembro, pretende suprir as vagas que estão em aberto e recompôr os sistema de transporte nos mesmos moldes em que ele se encontrava no fim do ano passado, com 2 mil transportadores.
“Nós temos hoje 353 autorizações a menos. Nossa decisão é que nós vamos autorizar no máximo 353 para recompôr o sistema, por ordem de chegada, nesse período de um mês. Nós acreditamos que esse tamanho de 2 mil é adequado para a cidade. Se houver mais de 353 interessados, nós vamos até esse número. Se for menos, (a frota) ficará menor. É sinal que o mercado está saturado. Esta é a regra do jogo, de conhecimento deles desde o ano passado”, explica. O presidente da BHTrans se comprometeu com a categoria a fazer um estudo de avaliação de demanda no próximo ano, para tranquilizar os trabalhadores nesse sentido.
Ramon Victor César também reforça que o credenciamento não prejudicou a fiscalização ou deixou as regras para o transporte escolar menos rigorosas. “O sistema tem obrigação de realizar vistorias periódicas, cursos de qualificação e atualização. Assim, o sistema tem um controle muito preciso e eu penso que o fiscal mais importante do sistema são os pais que contratam os serviços. A orientação que nós damos é que o pai e a mãe peçam ao operador para mostrar a autorização dele”, afirma.