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Estado de Minas

Iniciativas mineiras valorizam adoção de novos hábitos para salvar nascentes


postado em 26/03/2013 06:00 / atualizado em 26/03/2013 07:14


2013 começou com um desafio e tanto para o Vale do Rio Doce. Até dezembro de 2015, a meta é proteger e recuperar cerca de 500 nascentes do Rio Capim, integrantes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, em Aimorés. A iniciativa vai garantir, além da qualidade dos cursos d’água, a vida de ecossistemas inteiros. O programa Olhos D’Água, desenvolvido pelo Instituto Terra em parceria com a Vale, vai até dezembro de 2015, com investimentos da mineradora de R$ 2 milhões. E a comunidade vai acompanhar de perto. Deixar de degradar para cuidar é um dos principais ganhos esperados ao fim do projeto.

A recuperação tem uma série de ações previstas, entre elas a elaboração de projetos técnicos de adequação ambiental de 300 propriedades rurais da área de influência do Rio Capim, a mobilização e a sensibilização de 300 produtores rurais e de suas famílias para a execução do projeto, além de treinamento e capacitação de outros 180 para a fase de implementação. Também serão construídas 200 fossas sépticas nas propriedades rurais beneficiadas como forma de diminuir o impacto da contaminação das nascentes e, assim, contribuir para a melhoria da qualidade de vida na região.

O analista de projetos do Instituto Terra, Gilson Gomes, explica que as atividades de mobilização envolvem as lideranças locais, associações de produtores, jornais e rádio. O público beneficiado está sendo mobilizado pelos técnicos do projeto em cada microbacia na qual o programa será trabalhado. A Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Aimorés também participa, mostrando a necessidade de proteção e conservação das nascentes para a conservação dos recursos naturais. “A participação ativa sempre é a dos produtores, pois eles assumem a responsabilidade (mão de obra) do cercamento das nascentes em suas propriedades, bem como da construção de fossas sépticas”, conta.

Será beneficiada uma população de 25 mil habitantes da área de influência do Rio Capim, número que representa 80% da população do município de Aimorés. “À medida que um produtor protege e recupera a nascente em sua propriedade, ele tem uma participação direta nas etapas do projeto, sendo capaz de entender, depois da mobilização e sensibilização, a importância da conservação dos recursos naturais”, relata Gomes.

O diretor de Operações da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), Carlos Quartieri, ressalta que a parceria contribui para a recuperação de um importante manancial e dos ecossistemas que o compõem. “Trata-se de uma iniciativa que vai gerar ganhos para as gerações atual e futuras, já que envolve não só o desenvolvimento socioambiental da região de Aimorés. E que refletirá na melhoria da qualidade de vida das comunidades localizadas no entorno do Rio Capim e, de forma mais ampla, de todos aqueles que são beneficiados pela Bacia Hidrográfica do Rio Doce”, afirma.

Qualidade

A medição da vazão e análise da água estão previstas no projeto. Segundo o analista Gilson Gomes, a expectativa é de que ao fim de 40 meses seja constatado aumento em quantidade e qualidade dos recursos hídricos nas nascentes em recuperação. “Além disso, esperamos que a comunidade rural, ao fim do projeto, comece a interferir no processo, aumentando sua área protegida e cuidando de outras fontes de água não abarcadas pelo projeto inicial”, diz. Ele destaca que, além do ganho da restauração do patrimônio natural, há a mudança conceitual. O produtor que antes apenas extrativista passa a dar mais valor ao bem natural. “Esse é o melhor legado que o projeto deixa, ou seja, o próprio produtor protege o seu ambiente a favor de si e da coletividade.”

Rio Grande terá mapa

Os próximos três anos serão de renovação em outra bacia hidrográfica de Minas: a do Rio Grande. Na última sexta-feira, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) assinou convênio com a Universidade Federal de Lavras (Ufla) para um projeto de pesquisa e desenvolvimento que fará um estudo global da bacia. A ideia é que o modelo, chamado fitogeográfico, sirva de subsídio à revitalização das áreas de preservação permanente, além de facilitar a transferência de tecnologias de conservação de solo e da água.

No total, 15 pesquisadores da Ufla estarão sob a coordenação do professor e reitor da instituição, José Roberto Scolforo. As análises serão processadas no Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (Lemaf). Os levantamentos terão a colaboração do Centro de Excelência em Matas Ciliares (Cemac/Cemig). O projeto contará com a aplicação de análises matemáticas que vão determinar a flora existente nas áreas de preservação permanente (APPs), com variáveis ambientais (solo, clima, relevo, entre outros) e com a diversidade genética das espécies, possibilitando o planejamento racional de revitalização da bacia.

Scolforo afirma que o modelo vai gerar um mapa de recomendação de espécies e boas práticas de manejo para uso e conservação do solo e da água em diferentes ambientes, o que vai possibilitar um planejamento estratégico para a revitalização.

Ecoteca digital oferece literatura especializada

É pelo meio digital que uma das principais lacunas da literatura ambiental está sendo preenchida. A Ecoteca Digital, projeto idealizado pelo Instituto Terra Brasilis, tem mais de mil títulos à disposição de interessados em saber mais sobre gestão de áreas protegidas, gerenciamento de unidades de conservação, planos de manejo, espeleologia, educação ambiental e outros assuntos ligados às melhores práticas de gestão dessas áreas verdes. No site estão disponíveis publicações científicas, folders, cartilhas educativas e animações infantis para ajudar no trabalho de conscientização ambiental.

A iniciativa surgiu depois de um diagnóstico da Terra Brasilis detectar uma escassez de estudos e publicações para atender esse público. Além disso, verificou-se que os títulos existentes estão dispersos pelo país e são ignorados por potenciais leitores. A coordenadora do projeto, Sônia Carlos, diz que essa é a primeira biblioteca dedicada ao tema no país. A ideia é facilitar a vida não só de gestores, mas de técnicos, especialistas, estudantes e de quem precisa pesquisar sobre gestão das áreas protegidas.

As obras podem ser procuradas por nome, autor ou data de publicação. A Ecoteca Digital organizou também 14 estantes separadas por temas de interesse, como ações com a comunidade, conselho consultivo, legislação e voluntariado. A mais acessada é a de mapas e cartografias. Atualmente, a ecoteca tem média de 350 acessos por dia. Todas as quintas-feiras, ela tem espaço reservado no site e nas mídias sociais do Instituto Terra Brasilis.

A iniciativa conta com apoio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais. Para seu aniversário de um ano, a Ecoteca vai sortear, mês que vem, um tablet para os usuários. Para concorrer, basta acessar o site www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital e preencher o formulário de inscrição. 
 


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