Horas antes do início da beatificação de Francisca de Paula de Jesus (1810-1895), a Nhá Chica, centenas de fiéis enfrentam o calor para assegurar um lugar na celebração. Empunhando guarda-chuvas para se protegerem do sol, os religiosos formaram uma grande fila em frente ao espaço G. A. Pedras, próximo ao Portal de Baependi, no Sul de Minas, onde a beata será reconhecida pela Igreja Católica. A expectativa é de que 40 mil pessoas, vindas de todos os estados brasileiros, participem da celebração, marcada para as 15h deste sábado.
Às 10 hs da manhã deste sábado, a Prefeitura de Baependi inaugurou uma placa alusiva à beatificação, ao lado do santuário de Nhá Chica. Apesar da movimentação intensa dentro da cidade, o trânsito fora do perímetro urbano flui normalmente. O Tenente-Coronel Valério Júnior, comandante do 57 Batalhão de Polícia Militar de São Lourenço, sobrevoou de helicóptero as estradas da região e afirmou que não existem retenções.
A cidade de Baependi, onde Nhá Chica passou a maior parte de sua vida, recebeu um grande aparato policial para a cerimônia de beatificação. Localizado a cerca de 380 km da capital e habitado por aproximadamente 18 mil pessoas, o município recebeu de 300 militares, sendo 186 provenientes de Belo Horizonte, para assegurar a segurança da celebração. A operação também conta com bombeiros e agentes das Polícias Rodoviárias Estadual e Federal.
A celebração contará com a presença de várias autoridades, que ainda se encontram no município vizinho de Caxambu. Entre os padres que participarão da cerimônia, estão José Douglas Baroni, Secretário da Beatificação e Reitor da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, conhecida como Santuário de Nhá Chica, Angelo Amatto, Prefeito da Congregação da Causa dos Santos e Representante do Papa Francisco, Bisbo Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, da Diocese de Campanha, e Paolo Villota, postulador (advogado) da causa de beatificação de Nhá Chica.
HISTÓRIA DE FÉ Fiéis atribuem à beata a intercessão em uma série de milagres, mas foi o reconhecimento de uma graça concedida a uma professora em 1995 que concretizou o sonho dos moradores de Baependi. A cura de Ana Lúcia Meirelles Leite – que tinha um problema cardíaco congênito e pediu ajuda a Nhá Chica – foi analisada pela comissão de cardeais da Santa Sé e em 28 de junho de 2012 o então papa Bento XVI promulgou decreto de beatificação.
Depois da beatificação, a filha de ex-escrava poderá ter culto público com sua imagem dentro dos limites da Diocese de Campanha, à qual pertence Baependi. Amanhã, será realizada a primeira procissão com a nova imagem da beata, esculpida pelo artista Osni Paiva, com policromia do restaurador Carlos Magno de Araújo. Ela sairá da Matriz de Santa Maria em direção à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, também conhecida como Santuário de Nhá Chica, onde ficará em um altar.