O número de cidades mineira que decretou emergência por causa da seca e estiagem é mais que o dobro de municípios em alerta pela chuva. O período chuvoso 2012/2013 se encerra com 42 cidades na situação e a temporada de seca começa oficialmente já com 89 localidades enfrentando problemas pela insuficiência de precipitações.
De acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis, esse cenário em Minas Gerias ocorre por causa do baixo volume de chuva registrado na temporada de outubro 2012 a abril 2013. Nos sete meses, choveu de 30% a 40% abaixo da média histórica esperada para o período. Somente em novembro 2012, quando ocorreram algumas chuvas torrenciais, o volume ficou acima do esperado em 40%, mas os outros meses foram de trégua.
A situação foi bem diferente no período anterior, 2011/2012, quando o estado registou recordes de chuva alcançando volumes surpreendentes em todas as regiões. Os prejuízos e danos foram provocados, principalmente, pelos temporais em áreas de cabeceiras de mananciais mineiros.
De acordo com o meteorologista, o volume foi de 15% acima do esperado naquela temporada para todo o estado. As regiões Central, Oeste e Zona da Mata sofreram muito por causa da chuva nos rios como Piranga, Xopotó, das Mortes e Paraopeba. Nessas áreas específicas, o volume ficou entre 50% e 60% acima da média histórica.
Segundo Ruibran dos Reis, este ano a estiagem começou mais cedo. Ainda durante a temporada chuvosa, as cidades do Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Vale do Rio Doce e Norte de Minas decretaram situação de emergência. A primeira a declarar o alerta foi Coronel Murta e a última Itamarandiba, que emitiu o pedido nesse domingo.
Mais estiagem
A situação já está complicada para as 89 cidades que decretaram emergência, mas pode piorar. A previsão segundo o meteorologista, é de forte seca até outubro com estimativa de apenas três ou quatro frentes frias que poderão trazer chuviscos. Nos vales do Jequitinhonha, Rio Doce, Mucuri e Norte de Minas, algumas cidades vão ficar de 190 a 200 dias em chuva.
Uma das cidades que mais sofre com o efeito da seca é Porteirinha, historicamente a localidade com menor volume de chuva em Minas, apenas 650 milímetros de média anual. O município já está em situação de emergência. Para se ter uma ideia, o maior volume registrado anualmente em Minas ocorre em Bocaína, Sul do estado, com 2.100 milímetros – três vezes mais que em Porteirinha.
Ações de Defesa Civil
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) recebeu em abril R$ 5 milhões do governo federal destinados a contratação de caminhões-pipa que levam a água às áreas mais atingidas. Os veículos estão com rastreadores por GPS para garantir que a rota seja cumprida, assegurando atendimento às famílias necessitadas. A verba chegou em Minas no fim de abril e a Cedec agora está agilizando o envio da ajuda, com as informações repassada pelos municípios sobre áreas afetadas.
“Desastre da seca é gradual, muito diferente da chuva. A gente não pode falar a seca começa amanhã, pois começa quando a cidade decreta. A ação da cuva é mais emergencial e mais rápida. A da seca você tem que conviver com a seca”, relata o secretário- executivo da Cedec, tenente-coronel Fabiano Vilas.
Além da Cedec, o Exército também já está atuando com ajuda em 40 cidades mineiras. De acordo com o tenente-coronel outra ação de apoio é a compra de cestas básicas para a a população que não tem o que comer, pois durante a seca as famílias ficam sem produzir.
Também estão previstas mais de 16 mil intervenções nos municípios prejudicados pela estiagem, incluindo construção de pequenas barragens, barreiros, sistemas simplificados de abastecimento de água, cisternas de placas/alvenaria para consumo humano, cisternas de placas/alvenaria para produção familiar de alimentos, cisternas de polietileno, ampliação de sistema de abastecimento de água municipal e ampliação de barragem.