Integrantes de uma quadrilha violenta que atuava na região do Citrolândia, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, foram apresentados na tarde desta segunda-feira na Delegacia de Homicídios da capital mineira. O grupo assumiu o tráfico de drogas na região - composta por 32 bairros - em novembro do ano passado. Somente nos três primeiros meses deste ano, 21 assassinatos foram registrados no local, sendo que 15 são atribuídos à gangue. Para se ter a noção do aumento da violência, no mesmo período de 2012 foram 10 homicídios.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações começaram após crescimento de ocorrências policiais na Região do Citrolândia. Nos últimos três anos, duas quadrilhas, a gangue do Beco e a do Sol Nascente, disputavam o tráfico de drogas no local. Porém, os líderes das organizações criminosas acabaram presos. A venda dos entorpecentes estavam acontecendo de forma desorganizada e sem nenhuma liderança.
Aproveitando a circunstância, a quadrilha liderada pelos irmãos Jonathan Ferreira Mesquita, de 29 anos, e Alese, se mudou para o bairro em novembro do ano passado. “Chegaram para assumir o tráfico e só havia uma forma de conquistar as bocas, agindo com a violência. E, com isso, começaram a matar os inimigos”, explica o delegado Álvaro Romero, responsável pelas investigações.
Em três meses, o grupo aumentou consideravelmente o índice de homicídios no bairro. “Os criminosos são responsáveis por 110% de aumento no número de mortes em função de busca de espaços. Número esse que nos últimos três anos vinha apresentando quedas”, diz o delegado. Entre os crimes está o assassinato de um homem que foi queimado vivo dentro de um carro.
Em fevereiro deste ano, Alese acabou preso em uma festa regada a drogas e orgias. Já Jonathan acabou detido em março com duas armas fogo. Uma delas, um revólver calibre 44 de uso restrito das forças armadas. Com a prisão dos líderes da quadrilha, a polícia começou a investigar o restante dos criminosos que fazem parte da organizaçã. Foram pedidos mandados de prisão e de busca e apreensão. Porém, a Justiça negou os mandados de prisão.
Em 29 de maio, foi montada uma operação para cumprir seis mandados de busca e apreensão. Na casa de Jonathan, o líder do grupo foi encontrado com um revólver calibre 38, munição da mesma arma, e uma pequena quantidade droga. Jionatha Rafael de Alencar Correa Silva, que segundo a polícia estava no imóvel para possivelmente assumir o tráfico de drogas, foi preso em flagrante.
Na residência de Willian de Souza, que também foi preso, foram encontradas cápsulas de pistola 762, coldre e uma touca. Outros dois homens estão foragidos. Átila Rocha Fernandes, de 30 anos, e Cleisson José Mendes, de 20, não foram encontrados em casa no momento da operação. Nos imóveis, foram encontradas uma carabina calibre 28, munição de fuzil 762, e calibre 12, e uma moto 250 cilindradas que havia sido roubada em Contagem, na Grande BH.
Para o delegado Romero, os materiais vão ajudar nas investigações. “As apreensões foram importantes pois conseguimos muitas armas que podem ter sido usadas nos homicídios. O armamento passará por perícia para investigação dos outros crimes”, explica. Segundo ele, já houve a diminuição nos homicídios no Citrolândia desde as prisões dos primeiros criminosos. “Desde o final de abril até agora não foi registrada nenhuma morte. Sendo que, só no mês de março já tínhamos nove”.