Segundo padre, as peças foram transportadas para um local fora da cidade a fim de garantir a segurança do acervo. “Muitas delas, principalmente as de madeira, estão bem deterioradas, necessitando de restauração. Estamos providenciando uma forma de recuperá-las”, explicou. O pároco contou que a abertura do armário-cofre, que tem 2 metros de altura e 90 centímetros de largura, foi possível graças a uma solicitação do ex-promotor da comarca de Minas Novas Wagner Aparecido Rodrigues Dionísio e posterior condução do procedimento pelo atual promotor Erick Anderson Caldeira Costa. Para abrir o cofre, que tinha um segredo e não tinha cadeado, foi chamado um especialista de Araçuaí.
“A abertura do cofre provocou uma verdadeira comoção em Berilo. As pessoas ficaram esperando na praça, perto do antigo posto de saúde, até que o serviço do chaveiro terminasse”, disse, ontem, a historiadora Paula Novais, da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC). Paula explicou à população o que estava sendo feito e teve a oportunidade de ouvir histórias envolvendo o misterioso cofre. “Havia muita lenda em torno do assunto. Alguns acreditavam até que o armário guardasse ossadas”, afirmou a historiadora, que elaborou um laudo sobre todo material encontrado.
Acervo
As peças ganharam a “liberdade” em 14 de junho na presença do padre Charleston, do promotor Erick, do bispo de Araçuaí, dom Marcelo Romano, o prefeito de Berilo, Igor Coelho, representantes da Polícia Militar e outros. As primeiras investigações mostram que o acervo pode ter pertencido à antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, do século 18 e demolida em 1988, e à Matriz de Nossa Senhora da Conceição. Segundo o coordenador do CPPC, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, o tesouro será agora incluído na relação dos bens recuperados em Minas. “Trata-se de uma descoberta de grande relevância, mas o maior desafio é a restauração do acervo”, afirmou.
Para os moradores e gestores culturais, a abertura do cofre foi da maior importância. “Desde a demolição da Igreja de Nossa Senhora do Rosário a nossa cultura popular ficou mais pobre. A coroa agora encontrada pode ser da imagem, que é reverenciada pelos integrantes do congado. No lugar onde havia a igreja, hoje existe uma praça e todo mundo se lembra do adro onde sempre ocorreu a festa do Rosário”, conta o agente cultural Alessandro Borges Araújo. As peças estão sob guarda da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.