Moradores do Bairro Comiteco, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, passaram a manhã limpando casas e ruas depois que um incêndio de grande proporção na área de preservação da Serra do Curral devastou oito hectares de vegetação, o equivalente a 11 campos de futebol. As chamas, combatidas por bombeiros na tarde, noite e madrugada de quarta-feira, ameaçaram mansões e deixaram um manto de sujeira e forte cheiro de queimado. Há a suspeita de que o incêndio foi provocado por fogos de artifício. Bombeiros sobrevoaram o bairro de helicóptero pela manhã para começar a avaliar os danos.
A moradora disse que a madrugada também foi de tensão para a vizinhança. Cerca de cinco horas depois que os bombeiros controlaram o fogo, novos focos surgiram. Zélia conta que foi acordada às 2h da madrugada com o barulho da vegetação queimando. “Olhei e as labaredas estavam altas”, disse. A moradora acredita que não houve maiores consequências porque o caseiro cortou a vegetação no entorno da casa. Ela cobra providências de autoridades para que cobrem limpeza de áreas próximas e evitem novos focos.
A administradora Cristina Vieira Ribeiro, de 46, foi a um mirante no alto do bairro para ver o estrago. O muro da casa dela ficou escurecido pela fuligem. “Nunca tivemos incêndio como esse. Você nunca imagina que o fogo vai chegar tão perto da sua casa”, disse.
Ação humana
O tempo seco e a falta de chuva aumentam a chance de incêndios, mas cerca de 90% dos focos em Minas são ligados à ação humana, segundo levantamento da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). Fogos de artifício, fogueiras mal apagadas, fogo em beira de rodovia e queima de pastagens estão entre algumas das causas. Os incêndios naturais são provocados principalmente por raios, o que não é o caso neste período do ano.
Somente no mês passado, 618 focos de calor foram detectados por satélite em áreas de conservação de Minas, quase o triplo registrado em junho, que teve 209 registros. Até 31 de julho, foram 1.657 focos de calor no estado, segundo a Semad, que coordena uma força-tarefa de combate a incêndios. Até abril, o Corpo de Bombeiros já havia atendido 1.079 ocorrências de incêndios em vegetação em Minas, em beiras de rodovias, lotes vagos e pequenas áreas urbanas. No mesmo período do ano passado, foram 985. Quarta-feira, uma brigada foi acionada para apagar o fogo que destruiu parte do Parque Serra do Cabral, unidade de conservação em Buenópolis, na Região Central do estado.