Um erro de cálculo pode ter provocado uma explosão que feriu uma criança, danificou cinco casas e deixou uma família desalojada, no fim da tarde de ontem, em Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A previsão era de uma detonação programada de rochas em um canteiro de obras no Bairro Cidade Jardim. Porém, moradores da área foram surpreendidos com um estrondo e uma chuva de pedras, algumas com pelo menos 30 quilos.
O policial militar Cláudio Antônio Vigário, de 32 anos, teve sua casa interditada pela Defesa Civil, já que o telhado e o forro do teto do imóvel foram destruídos. A caixa-d’água quebrou, atingida por uma das pedras. “Momentos antes, às 16h20, estava em casa dormindo com meu filho de 8 anos. Minha mulher ligou dizendo para ir buscar nossa filha, de 12, na escola, pois ela não se sentia bem. Saí e andei uns 300 metros e ocorreu a explosão. Foi um milagre não estar em casa, pois caíram pedras no meu quarto”, disse ele, que teve que deixar o imóvel com a família.
Na rua havia várias crianças, que correram para se abrigar no galpão de uma oficina. Porém, de acordo com o construtor Fernando Soares, de 35, seu sobrinho, D., de 10 anos, foi atingido por uma pedra na perna. A criança foi levada ao hospital da cidade, medicada e liberada. O engenheiro civil Adriano Vieira de Almeida, responsável pela obra, contou que de imediato foi acompanhar o menino no atendimento médico. “Por sorte não foi um ferimento grave, diante das circunstâncias, que poderiam ter resultado em uma tragédia”, reconheceu.
A obra, para instalação de rede de esgoto, está a cargo da T&T Empreiteira. O engenheiro afirmou que Demolisete, especializada em explosões programadas, foi contratada para fazer o serviço. “Já havíamos trabalhado com a empresa, que tem autorização do Exército para a atividade. Perguntei ao responsável se os moradores próximos foram alertados da explosão e ele disse que estava tudo sob controle. Mas na hora da detonação, a primeira carga jogou para o alto várias partes da rocha. Percebi que havia algo errado e temi pelo pior.” Nenhum representante da Demolisete foi encontrado para explicar o episódio.
O secretário municipal de Defesa Social, Júlio Teixeira, estranhou que a empresa não tenha comunicado que faria a explosão. “Nesses casos, seria feita a evacuação dos moradores vizinhos, como é de praxe.” Teixeira garantiu que a Defesa Civil vai acompanhar o caso.
O engenheiro Adriano se comprometeu a providenciar reparos nos cinco imóveis hoje. Segundo ele, uma equipe de 25 pessoas vai trabalhar na limpeza e reconstrução das partes danificadas. O aposentado Milton Gonçalves Mendes, de 72, teve três de seus imóveis atingidos, incluindo a casa em que mora com a mulher. O casal estava na sala assistindo a TV, quando um pedra quebrou o telhado e a laje maciça de um corredor. “Escapamos por pouco. Foi um grande susto, além do prejuízo”, contou. O aquecedor solar da casa dele também foi destruído.