A polícia está à procura de pelo menos três suspeitos de falsificar quadros do artista plástico mineiro Fernando Vignoli. Investigadores apreenderam na tarde de domingo, em dois ateliês de Belo Horizonte – na Savassi e no Bairro Luxemburgo, na Região Centro-Sul – 14 quadros de grandes proporções que plagiam “ideias, traço, forma e cores” característicos do trabalho do artista. Na tarde desta terça-feira , as obras sem assinatura –apenas uma traz o nome de Lívia Chavez 2001 – foram apresentadas pela polícia e, segundo o chefe do Departamento de investigação de crimes contra o patrimônio, Márcio Nabak, trata-se de um caso inédito na capital referente à falsificação de obras de arte.
A denúncia foi feita por Vignoli depois que clientes viram quadros semelhantes aos seus sendo vendidos como se fosse dele numa rua do Bairro Luxemburgo. Conforme a apuração, cada pintura, que tem cotação de 60 mil dólares no mercado internacional, era oferecida aqui no valor de R$ 8 mil a R$ 20 mil. Conforme o delegado de Crimes Cibernéticos, César Matoso, encarregado da chamada Operação Belas Artes, há três suspeitos (todos homens) de integrar a quadrilha sob investigação, sendo um responsável pela pintura e os demais pela comercialização.
O delegado Matoso explicou que foi instaurado o inquérito e o próximo passado será fazer a perícia dos quadros por especialistas. “As pessoas não foram presas em flagrante pois precisamos do resultado da perícia para comprovar a falsificação. O material foi apreendido com base no parágrafo segundo do artigo 184 do Código Penal, por violação de direito autoral e a pena prevista é de dois a quatro anos, além de multa”. A investigação mostrou que a reprodução parcial não autorizada ocorria possivelmente há cinco ou seis anos.
Natural de Belo Horizonte e com residência norte-americana, Vignoli se declarou “chocado” ao ver, na tarde de ontem, os 14 quadros totalmente calcados no seu trabalho – alguns como Nature Balance (Equilíbro da natureza) são quase idênticos. Sem querer comentar sobre a qualidade do acervo apreendido, o pintor disse que foram reproduzidos alguns dos seus temas, como portais, paredes e água. “Tenho uma técnica particular e já dei aula para mais de 3 mil pessoas. As paredes, em particular, têm relação com a minha infância, pois meu pai, que era militar, me punha num quarto fechado quando eu dizia que não seguiria a carreira militar mas a de artista. Então, eu ficava olhando para as paredes o tempo todo”.