(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Cidades mineiras enfrentam falta de água nos reservatórios do Rio São Francisco

Em Três Marias, por exemplo, o volume de água liberado caiu pela metade, de 400 metros cúbicos por segundo para 200


postado em 29/05/2014 06:00 / atualizado em 29/05/2014 07:26

Em Pirapora, no Norte, São Francisco está quase seco e volume de água liberado em Três Marias caiu 50%(foto: Ivan Rodrigues/Divulgação)
Em Pirapora, no Norte, São Francisco está quase seco e volume de água liberado em Três Marias caiu 50% (foto: Ivan Rodrigues/Divulgação)

O volume crítico e a má qualidade das águas do Rio São Francisco em Minas Gerais marcaram ontem, em Brasília, o lançamento da data 3 de junho como o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico. De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio São Francisco, a região dos municípios de Três Marias, Região Central do estado, Pirapora, São Francisco e Manga, no Norte, enfrentam regime de desabastecimento só antes visto no semiárido nordestino. “Neste momento, a situação mais crítica está em Três Marias. Em Sobradinho (BA), por exemplo, a redução dos níveis da água é frequente, mas lá (Três Marias) não era. E as cenas que vemos na região são dramáticas”, considera o presidente do CBH, Anivaldo Miranda.

Desde 2001, os reservatórios do São Francisco sofrem com redução de vazão para atender às demandas do setor hidrelétrico. Em Três Marias, por exemplo, o volume de água liberado caiu pela metade, de 400 metros cúbicos por segundo para 200. Ou seja, mesmo que o curso d’água enfrente seca e desabastecimento, o reservatório vai represar mais água. O volume atual da represa se encontra em 16% da capacidade total e há medo de que ocorra um esvaziamento praticamente completo ao fim da época de estiagem.

Devido à redução drástica do Rio São Francisco, várias comunidades e empreendimentos estão sendo prejudicados. De acordo com a membro da CBH do Alto Rio São Francisco e presidente do Consórcio do Lago de Três Marias, Sílvia Freedman, a cidade de Pirapora enfrenta desabastecimento humano e até os hospitais referências em tratamentos de hemodiálise na região estão sendo abastecidos por nove caminhões-pipa por dia.

Na região do município de São Francisco, os bancos de areia se tornaram tão extensos que parte das balsas que faziam as travessias do Noroeste mineiro para o Norte tiveram de alterar percursos, enquanto outra parte simplesmente parou de cruzar o rio com veículos e pessoas por risco de encalhe. “Tememos que a represa de Três Marias atinja 0% de capacidade no fim da estiagem. Levantamentos de especialistas mostram que se houver agravamento da situação, levará 10 anos para que a represa recupere seu nível normal. Isso tem impactos críticos na fauna e na pesca, que podem não se recuperar”, afirma Freedman.

POLUIÇÃO
Outro problema que afeta toda a bacia é a concentração de poluentes. “A capacidade de diluição do São Francisco se reduziu e com isso a poluição atinge níveis que podem prejudicar ainda mais a saúde de quem depende dessas águas”, afirma o presidente do CBH, Anivaldo Miranda. De acordo com informações do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), que faz medições ao longo do rio, mais de um quarto do manancial se encontra em condições de qualidade ruim (23%) ou muito ruim (3%). Dos quatro piores trechos de rios mineiros, três são do Rio São Francisco, sendo dois na Bacia do Rio Pará e um na Bacia do Rio Paraopeba – a outra fica na Bacia do Rio Paraíba do Sul. Também praticamente um quarto (24%) das águas do Velho Chico sofre com alta e média contaminação por tóxicos (arsênio, nitrogênio amoniacal, cianeto, chumbo, fenois, cobre, cádmio, cromo e zinco ), sendo que o nível ruim subiu de 13% para 15% de 2012 para o ano passado.
Anteontem, a CBH foi à Câmara de Deputados apresentar a situação do rio e ontem anunciou as ações que vão marcar o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico. Em Minas Gerais, será feita uma passeata de barcos de Três Marias até a foz do Rio Abaeté. Será também lançada a pedra fundamental do aquário do Rio São Francisco e será criado o Centro hídrico-social-ambiental do rio. Em outros municípios serão feitas barqueatas, peixamentos, debates e mobilizações envolvendo pescadores, comunidades indígenas, quilombolas, pesquisadores, estudantes e gestores público.

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)