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Estado de Minas

Quase 50% das promessas para a Copa do Mundo em BH não foram concluídas

Das 19 ações que chegaram a ser prometidas pelos governos federal e estadual e pela PBH, nove não terminaram. Obras como a Via 710 (Avenida Cristiano Machado/Avenida dos Andradas) estão longe de ser concluídas


postado em 12/06/2015 06:00 / atualizado em 12/06/2015 07:43

Praças da Pampulha, como a que fica diante da Igreja de São Francisco, estão em obras (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
Praças da Pampulha, como a que fica diante da Igreja de São Francisco, estão em obras (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )

As seis partidas disputadas no Mineirão e a forma como os turistas foram bem recebidos em Belo Horizonte deixaram lembranças positivas e experiências valiosas da Copa do Mundo para a cidade, de acordo com a avaliação de órgãos da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e do governo estadual. Mas hoje, passado exatamente um ano do início do Mundial de futebol, quase 50% das iniciativas que foram anunciadas para a capital mineira ou não foram concluídas ou foram abandonadas. Das 19 ações que chegaram a ser prometidas pelos governos federal e estadual e pela PBH, nove (47%) não terminaram ainda, três (16%) só foram concluídas depois da competição e apenas sete (37%) puderam ser plenamente usadas durante os jogos. De acordo com a BHTrans, o legado do BRT/Move é um dos mais importantes para a cidade, por melhorar a eficácia do antigo sistema BHBus. Mas outras obras que aliviariam o trânsito da capital, como a Via 710 (Avenida Cristiano Machado/Avenida dos Andradas), ainda estão longe de ser concluídas.

Mesmo intervenções que a PBH considera acabadas ainda têm pendências. Um dos casos é a Avenida Pedro I, onde um dos viadutos, o Batalha dos Guararapes, desabou, matando duas pessoas durante o Mundial. O corredor do Move na via ainda não tem a passagem de pedestres no Bairro São Pedro, na Região de Venda Nova. Cinco semáforos provisórios e um circuito confuso de cavaletes, cones, pinos e barreiras de plástico laranja foram instalados, para tentar orientar quem precisa cruzar a via. Com isso, não é difícil ver pedestres sob risco de atropelamento quando atravessam fora dos limites mal delineados, entre ônibus articulados que trafegam em alta velocidade na pista exclusiva.

Mesmo estruturas consideradas concluídas, como o Move Pedro I, têm pendências (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )
Mesmo estruturas consideradas concluídas, como o Move Pedro I, têm pendências (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press )

Puxando o filho de 4 anos pela mão, a operadora de telemarketing Lorraine Fernades da Silva, de 23 anos, conseguiu correr de um lado para o outro, mas chegou ofegante ao passeio. “Aqui tem o hospital infantil, e muitas mães como eu precisam atravessar. Por ser tão movimentado assim, tinha de ter sido um dos primeiros lugares a acabar a obra, para nos dar segurança”, disse. “Esse é o nosso Muro de Berlim, só tem aqui na Zona Norte”, ironiza o motorista Adolfo Frois, de 57 – comparando a dificuldade de atravessar a via com o muro que separava a parte comunista da capitalista da cidade alemã, de pé até o fim da Guerra Fria, obstáculo em que muitas pessoas morreram tentando ultrapassar.

Os planos de ornamentar e tornar a orla da Lagoa da Pampulha mais atrativa e receptiva também ficaram para depois. Pelo menos R$ 5,7 milhões seriam investidos em cinco praças do complexo que abriga edificações de Oscar Niemeyer, mas as obras não ficaram prontas até o fim do Mundial. Uma das mais visitadas, por ter acesso à Igreja de São Francisco de Assis e ao Parque Guanabara, a Praça Dino Barbieri continua em obras e está interditada para a visitação pública. “Se tivesse sido feita (a reforma) durante a Copa do Mundo, seria um transtorno a menos, já que naquela época enfrentamos obras por todos os lados na cidade”, reclama a universitária Talita Gomes, de 26, que ontem frequentava a orla da lagoa com amigos vindos do interior para conhecer a cidade. O pacote de revitalizações incluiria, ainda, as praças Aleijadinho, Barragem, Expedicionário Lourival Casemiro Pereira e Vertedouro, que ganhariam paisagismo, iluminação, novos acessos e playgrounds.

Nem a Lagoa da Pampulha, que deveria ter sido despoluída, foi contemplada, pois a Copasa ainda não conseguiu retirar todo o esgoto que chega ao reservatório. A estatal informou que o tratamento das águas da represa é de responsabilidade da Prefeitura de Belo Horizonte, e que a companhia tenta implantar 100 quilômetros de redes coletoras e interceptoras entre BH e Contagem, em obras que já consumiram R$ 430 milhões desde 2012. Ainda faltam quatro quilômetros de redes e 2.700 ligações. Com investimento de mais de R$ 4 milhões, as intervenções foram reiniciadas na última terça-feira e devem terminar em dezembro. A PBH só procederá às demais etapas de despoluição quando o esgoto deixar de ser despejado no reservatório.

A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) iniciou em setembro de 2014 a execução das obras de implantação da Via 710. Por meio de nota, a assessoria informou que “o sistema viário promoverá o acesso entre as regiões Leste e Nordeste. Será um corredor viário de alta capacidade, ligando dois pontos do município sem passagem pelo Centro, permitindo deslocamentos que não trarão impacto para a área central da cidade, especialmente em dias de eventos”. O valor da obra está orçado em R$ 66.180.007.36, com recursos do PAC, e a conclusão está prevista para o primeiro semestre de 2016.

Reforma na Rainha da sucata


Lacrado desde 2012 e incialmente programado para abrigar o Centro de Coordenação do Atendimento Turístico da Copa do Mundo, o edifício Rainha da Sucata foi transformado em banheiro e dormitório para a população de rua de BH. Mas a Secretaria de Estado de Turismo promete mudar essa realidade. As obras foram paralisadas, de acordo com a pasta, por falta de pagamento, que voltou a ser feito, devendo as intervenções de restauro e adaptações ser retomadas no segundo semestre. A previsão de execução da obra é de seis meses. O local funcionará como Centro de Informação ao Visitante, em uma parceria do governo do estado com a Prefeitura de Belo Horizonte.

Atualmente, o atendimento ao visitante do Circuito Cultural Praça da Liberdade está sendo feito, provisoriamente, no prédio da antiga Secretaria de Viação e Obras Públicas. Lá são prestadas orientações sobre a programação e funcionamento dos museus e espaços culturais. O visitante ainda tem acesso a todas as informações pelo www.circuitoculturalliberdade.com.br, pelas redes sociais do circuito e pelo telefone (31) 3272-9584.

A secretaria informou também que parte da sinalização turística e bilíngue prometida para a Copa não usou recursos federais, mas do próprio estado, e contemplou apenas as cidades de Ouro Branco, Caxambu, São Lourenço e Araxá em 2014. O investimento total foi de R$ 641.799,99.


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