A partir de agora, o crucifixo ficará sob guarda do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra de Mariana, informou nessa terça o titular da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico (CPPC/MPMG), Marcos Paulo de Souza Miranda. “É uma questão de segurança”, explicou o promotor, lembrando que o objeto foi levado em novembro de 1994 da Igreja de Santo Antônio, do distrito de Itatiaia, em Ouro Branco, na Região Central. “O templo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1980, mas não oferece segurança. Por isso, achamos melhor levá-lo para o museu”, acrescentou.
“É um momento de grande satisfação para todos nós, para Minas Gerais de maneira ampla, e não somente para a comunidade de Itatiaia. Temos que reconhecer o empenho do MPMG, que tem levando adiante a campanha para reintegrar ao nosso patrimônio peças que estavam em outros estados”, ressalta o arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha. “O crucifixo volta restaurado. Temos esperança de que outras peças que estão desaparecidas também retornem ao estado”, acrescentou dom Geraldo.
Há um ano, o bem cultural e religioso foi trazido a Belo Horizonte, onde passou por perícia minuciosa até ser constatada a procedência. “Em duas décadas, a peça foi adulterada, tendo parte da base serrada para dificultar o reconhecimento e identificação”, contou Marcos Paulo. A peça estava cadastrada, com fotos e especificações técnicas, no banco de dados do acervo procurado pelo MPMG. A denúncia foi feita feita de forma anônima, o que levou a equipe do CPPC a intensificar a investigação e notificar o colecionador, que fez a devolução sem problemas.
ROTA DE FURTOS Na conversa com os promotores, o colecionador disse que o crucifixo foi adquirido em 2008, no Salão Hebraica, na capital paulista, feira famosa pela venda de obras de arte e objetos sacros. O vendedor seria um antiquário de Belo Horizonte, também de nome não divulgado, o qual, segundo Marcos Paulo, já responde a processo por envolvimento criminoso em comercialização de imagens sem documentação . “Antes disso, o crucifixo foi vendido em Sete Lagoas (Região Central), sinalizando uma rota que passa por BH e termina em São Paulo”, destacou. O processo criminal está sendo conduzido pelo Ministério Público de São Paulo.
A expectativa é grande na primeira vila, cidade e diocese de Minas, que receberá o crucifixo restaurado no Museu da Música, no antigo Palácio dos Bispos. “Estamos recebendo um patrimônio de devoção e artístico que nunca deveria ter saído daqui”, comemorou, ontem, o presidente da subcomissão de Arte Sacra da Arquidiocese de Mariana, diretor do museu e pároco da Catedral da Sé, cônego Nédson Pereira. “Trata-se de um momento de grandeza, pelo resgate de parte de um patrimônio importante e que, agora, poderá visitado pela comunide de Itatiaia”, afirmou.
PARA DENUNCIAR
Quem tiver informações sobre peças roubadas e quiser fazer denúncias pode acionar:
Ministério Público Estadual
E-mail: cppc@mpmg.mp.br e telefone (31) 3250-4620
Iphan
Denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone (21) 2262-1971, fax (21) 2524-0482 ou e-mail
bcp-emov@iphan.gov.br
Iepha/MG
www.iepha.mg.gov.br ou pelos telefones (31) 3235-2812 ou 2813