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Estado de Minas

Polícia acredita que conscientização de agressores pode diminuir violência contra mulheres

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgou os números inéditos de um diagnóstico de agressões em Minas Gerais. De janeiro a junho deste ano, 283 mulheres foram assassinadas no estado, uma média de 47,1 vítimas por mês


postado em 31/08/2015 17:50 / atualizado em 31/08/2015 18:05

Mulheres pardas e brancas são as maiores vítimas da violência no estado(foto: Seds/Divulgação)
Mulheres pardas e brancas são as maiores vítimas da violência no estado (foto: Seds/Divulgação)

O apoio para as vítimas e a conscientização dos agressores de mulheres são medidas necessárias para diminuir a violência contra o sexo feminino. Essa é a opinião da delegada Águeda Bueno, da Delegacia de Crimes Contra Mulheres de Belo Horizonte. Nesta segunda-feira, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgou os números inéditos de um diagnóstico de agressões em Minas Gerais. De janeiro a junho deste ano, 283 mulheres foram assassinadas no estado, uma média de 47,1 vítimas por mês. A maioria dos agressores, 70% do total, é companheiro ou ex-cônjuge.

O Diagnóstico de Violência Doméstica e Familiar nas Regiões Integradas de Segurança Pública de Minas Gerais, produzido pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (Cinds) revela dados registrados de janeiro de 2013 a junho de 2015. A base de dados para a pesquisa são os Registros de Eventos de Defesa Social (Reds), como são chamados atualmente os boletins de ocorrência. De acordo com o levantamento, cerca de 45% das vítimas de violência doméstica e familiar contra a mulher em Minas Gerais são pardas e 15%, negras. Brancas representam 33%.

A maior incidência ocorre entre as mulheres que têm ensino fundamental incompleto (23%), as que são apenas alfabetizadas (21%), as com Ensino Fundamental completo (9%) e as com Ensino Médio incompleto (9%). A violência atinge principalmente mulheres com idades entre 25 a 34 anos (30%), e de 35 a 44 anos (23%). Vítimas de 18 a 24 anos de idade são 20% do total. “Conseguimos, com o estudo, fazer uma associação de quando o grau de instrução das vítimas aumenta, a violência contra a mulher diminui. Há uma maior incidência entre jovens de 18 a 35 anos e contra mulheres negras e pardas”, explica o delegado Bruno Tasca Cabral, Diretor de Estatística e análise criminal da Polícia Civil.

O estudo vai ser encaminhado para as unidades policiais do estado para que sejam tomadas medidas para diminuir a violência contra as mulheres. O levantamento mostra que o número de vítimas de assassinatos em Minas Gerais se manteve praticamente estável na comparação entre os primeiros semestres de 2013 (288), 2014 (284) e de 2015 (283). Nos primeiros seis meses de 2015 frente ao mesmo intervalo de 2014, houve leve queda na taxa de homicídios de mulheres no ambiente doméstico e familiar por 100 mil habitantes (1,35 contra 1,36). No primeiro semestre de 2013, a taxa foi de 1,39. Para a delegada Águeda Bueno, a mudança de atitude das vítimas expõe mais o crime.

“O número da violência doméstica é sempre um número complicado, pois as mulheres se sentem envergonhadas e até culpadas. A partir de 2006, tivemos o aumento de campanhas de conscientização. As mulheres tomaram mais consciência e estão denunciando mais. Para se ter uma ideia, recebemos de 40 a 50 mulheres por dia na delegacia de plantão da mulher”, explica.

Para a delegada, o conflito doméstico tem que ser combatido com a conscientização das vítimas e agressores, e o acompanhamento de ambos os lados. “Entendo que muitas vezes a judicialização do conflito doméstico não soluciona o problema. Temos que procurar alternativas como o programa Dialogar que é uma oficina com homens agressores. Alguns participam determinados judicialmente. Lá ele faz uma reflexão sobre a violência e a importância da mulher na vida dele. Este tipo de trabalho é fundamental para entendemos que a violência doméstica é um problema social, que não combatemos apenas com a repressão”, comenta Águeda Bueno.

Outra opção usada em Minas Gerais para combater a violência doméstica é o uso de tornozeleira eletrônica em homens com histórico no crime. Atualmente, há 2.228 pessoas utilizando equipamentos monitorados pela Unidade Gestora de Monitoramento Eletrônico (UGME). Destes, 264 são agressores e 285 são vítimas monitoradas da medida cautelar Maria da Penha.

Mapa da violência

O diagnóstico da violência é importante para mapear os locais onde acontecem a maior incidência do crime em Minas Gerais. Se considerar o número de ocorrências policiais, Belo Horizonte lidera, seguido de Contagem, na Grande BH, Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Ipatinga, no Vale do Aço. Já em números de crimes por 100 mil habitantes, Uberaba, no Triângulo Mineiro, é que está na dianteira. Na sequência vem Patos de Minas, Vespasiano, Curvelo, Governador Valadares, e a capital mineira.


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