Um sargento e um cabo da Polícia Militar estão presos no 22º Batalhão após se envolverem em uma perseguição que terminou com a morte de um adolescente de 14 anos no Bairro Pompéia, Região Leste de Belo Horizonte. A morte foi registrada em um boletim de ocorrência na madrugada dessa terça-feira e os militares alegam que agiram em legítima defesa. O Ministério Público investiga o caso.
Em seguida, os rapazes começaram a correr e foram seguidos pelo sargento e o cabo. Ambos disseram que, durante a fuga, os rapazes fizeram movimentos com as mãos, simulando estarem armados.
H.V. B. S. buscou abrigo atrás de um caminhão que se encontrava estacionado na Rua Veredinha, próximo da Rua Iara. Os militares, então, seguiram no encalço do adolescente e deram ordem de parada para abordagem e busca pessoal.
De acordo com o boletim de ocorrência, o menor desobedeceu aos PMs e continuou a fugir, seguindo na direção da Avenida Belém. Em um certo momento, o garoto sacou uma arma, que era uma réplica de uma pistola, e os militares ordenaram que ele soltasse o objeto.
O menor então teria apontado a arma na direção dos PMs, que revidaram a ameaça e atiraram. Um dos disparos acertou as costas do menor. O B.O informa ainda que militares socorreram o garoto e o levaram para o Hospital João XXIII, onde ele morreu.
Um adolescente que estava na companhia do menor foi apreendido na casa dele, no Bairro Pompéia. Conduzido ao Centro Integrado de Atendimendo ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA-BH), ele relatou que o menor o chamou para roubar telefones celulares no Bairro Mangabeiras, Centro-Sul, mas, por receio, ele recusou o convite. À polícia, a testemunha contou que não viu o menino ser baleado pelos militares. A arma usada pela polícia na ocorrência foi recolhida.
Em nota, o comando do 22º Batalhão disse que os militares continuam presos e uma cópia o auto do prisão foi encaminhada à Promotoria de Direitos Humanos. Nesta quarta-feira, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que a promotora Janaína de Andrade Dauro, da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, Apoio Comunitário, Conflitos Agrários e Fiscalização da Atividade Policial abriu ontem um procedimento para apurar o caso. Ela também recebeu a documentação do primeiro delegado que atendeu a ocorrência e vai analisá-la.
O secretário de Direitos Humanos de Minas Gerais, Nilmário Miranda, está retornando de Uberaba para BH e vai acompanhar o caso junto à Ouvidoria de Polícia. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Cristiano Silveira (PT), disse que vai cobrar apuração rigorosa do caso, que, segundo o parlamentar, pode ser discutido em audiência pública.