
Além das áreas atingidas pelo desastre, o contágio também foi detectado em níveis acima do indicado pela legislação nacional em pontos que não foram afetados, como os que estão acima do ponto atingido pelo vazamento, e na água captada e tratada em Governador Valadares. O valor encontrado em cada litro, de 0,04mg, é quatro vezes maior que o tolerável. O valor máximo permitido é de 0,01mg/L, de acordo com os critérios de potabilidade estabelecidos na Portaria 2.914, do Ministério da Saúde.
Segundo o professor André Cordeiro, da UFScar, os níveis encontrados na água estão acima do padrão. "Teoricamente, se continuar neste nível, (a água) não pode ser servida. Nós fizemos uma análise só, pontual. É preciso ver se esse nível vai persistir. O ideal é amostragem diária para confirmar se é permanente", pontua.
Integrante do grupo e um dos responsáveis pela coleta de água, Cordeiro informou que amostras foram feitas dentro do sistema de captação de água de Valadares. "Uma substância, para ser considerada tóxica, depende da concentração e do tempo de exposição. Arsênio é cancerígeno, se você tiver contato constante com ele. O problema é o consumo a longo prazo", alerta.
Ainda no caso do arsênio, a pesquisa aponta que foram encontrados níveis acima do admitido mesmo em pontos não afetados pelo rompimento da barragem, embora a concentração mais significativamente aumentada tenha sido indicada entre Bento Rodrigues e a cidade de Barra Longa. "Nos pontos subsequentes, a concentração de arsênio não foi detectada pelo método de instrumentação analítica utilizado nessas análises. Em Governador Valadares, a concentração de arsênio voltou a estar elevada, estando quatro vezes acima do permitido."
O estudo concluiu também que os níveis de manganês estavam elevados em pontos não impactados pelo desastre e que, em locais atingidos pela onda de lama, a concentração está ainda mais acima do aceitável. Quanto ao chumbo, os resultados demonstraram anormalidade em pontos Rio Gualaxo do Norte, em Paracatu de Baixo e na cidade de Rio Doce.
Segundo o Grupo Independente de Análise de Impacto Ambiental (GIAIA), que realizou a pesquisa, nesse primeiro momento foram analisadas as concentrações de 10 metais: alumínio dissolvido, ferro dissolvido, arsênio, manganês, selênio, cádmio, chumbo, lítio, níquel e zinco. As quantificações de antimônio, bário, cálcio, césio, cromo, cobalto, cobre, magnésio, mercúrio, rubídio, prata, estrôncio, urânio e vanádio serão disponibilizadas brevemente.