A morte de um menino de 10 anos, vítima de febre maculosa supostamente contraída em visita ao parque ecológico da Pampulha, em Belo Horizonte, abriu discussão sobre o destino das capivaras que vivem na região. Entre outros animais, elas são hospedeiras da bactéria Rickettsia rickettsii, transmitida pela picada do carrapato-estrela e causadora da doença. Especialistas defendem, com urgência, um manejo populacional ético dos animais. Outros defendem a retirada de todos os roedores e um controle constante, para evitar o surgimento de novos grupos.
O risco de contágio vem mudando os hábitos de frequentadores da Pampulha. O engenheiro Marco Paulo Lage, de 40 anos, deixou de visitar o parque com os filhos de 7 e 5 anos. “Eu caminhava e levava as crianças para fazer piquenique. Usávamos caixas de papelão para os meninos escorregarem na grama”, afirmou. Na avaliação dele, a ação do poder público para controlar as capivaras tem sido “irresponsável”. Marco Paulo conta que algumas pessoas estão por conta própria tentando resolver o problema. “Tem gente dando pauladas em capivaras. Que a prefeitura sacrifique ou coloque em outro lugar, mas que faça algo, antes que pessoas comecem a agir em massa”, ponderou.
As capivaras, segundo especialistas, não devem ser castradas, pois perderiam o instinto de delimitação de espaço, o que permitiria a chegada de novas famílias da espécie por rios e córregos, atraídas pelo reservatório de água, em decorrência da destruição crescente de hábitats.
Professor do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, Tarcísio Antônio Rêgo de Paula é autor de um programa para diminuição da população de capivaras e de carrapatos no câmpus da instituição. “Fizemos uma ação de controle populacional por meio de vasectomias em machos e de ligaduras em fêmeas, o que diminuiu enormemente a população de animais, pois deixaram de se reproduzir e houve morte natural ao longo do ano. Hoje, se a gente tiver quatro ou cinco capivaras são muitas”, disse.
Para o professor, ao contrário do que se pensa a presença da capivara pode constituir uma barreira sanitária para conter a febre maculosa. “É uma doença de carrapato. O parasita tem obrigatoriamente que picar um mamífero para fazer seu ciclo de vida. A capivara, ao ficar doente, fica com a bactéria circulando no sangue por 15 dias aproximadamente. Depois disso, fica imune e passa a atuar como uma barreira sanitária, evitando o espalhar dessa doença”, disse o especialista.
CONTROLE A coordenadora da organização não governamental Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais, Adriana Araújo, apoia a ideia da esterilização de machos e fêmeas. “Tem que haver também o controle periódico dos carrapatos e a microchipagem de animais, para identificação das capivaras e controle das que chegam. O manejo é constituído de várias ações, mas a principal é a conscientização constante da população de Belo Horizonte, não apenas no parque ecológico. Por pressão nossa, a prefeitura fez um panfleto informativo pela primeira vez em 2014 e deixa à disposição no balcão do parque ”, disse Adriana.
Desde junho de 2013, segundo Adriana, a ONG vem acompanhando o que ela chama de “novela das capivaras”, quando a prefeitura tinha interesse de retirar todos animais da Pampulha. “Buscamos em primeiro lugar, responsavelmente, conhecer sobre o assunto e buscar orientação junto aos maiores técnicos do Brasil”, disse. Segundo ela, estudos feitos com profissionais renomados do país, entre técnicos do Ibama e pesquisadores das Universidade de São Paulo (USP), das federais de Viçosa e do Paraná e a Promotoria de Saúde e Meio Ambiente de Minas Gerais, recomendam a permanência das capivaras na Lagoa da Pampulha, mas mediante o manejo populacional ético, com interrupção da procriação por meio de procedimento cirúrgico.
O risco de contágio vem mudando os hábitos de frequentadores da Pampulha. O engenheiro Marco Paulo Lage, de 40 anos, deixou de visitar o parque com os filhos de 7 e 5 anos. “Eu caminhava e levava as crianças para fazer piquenique. Usávamos caixas de papelão para os meninos escorregarem na grama”, afirmou. Na avaliação dele, a ação do poder público para controlar as capivaras tem sido “irresponsável”. Marco Paulo conta que algumas pessoas estão por conta própria tentando resolver o problema. “Tem gente dando pauladas em capivaras. Que a prefeitura sacrifique ou coloque em outro lugar, mas que faça algo, antes que pessoas comecem a agir em massa”, ponderou.
As capivaras, segundo especialistas, não devem ser castradas, pois perderiam o instinto de delimitação de espaço, o que permitiria a chegada de novas famílias da espécie por rios e córregos, atraídas pelo reservatório de água, em decorrência da destruição crescente de hábitats.
Professor do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, Tarcísio Antônio Rêgo de Paula é autor de um programa para diminuição da população de capivaras e de carrapatos no câmpus da instituição. “Fizemos uma ação de controle populacional por meio de vasectomias em machos e de ligaduras em fêmeas, o que diminuiu enormemente a população de animais, pois deixaram de se reproduzir e houve morte natural ao longo do ano. Hoje, se a gente tiver quatro ou cinco capivaras são muitas”, disse.
Para o professor, ao contrário do que se pensa a presença da capivara pode constituir uma barreira sanitária para conter a febre maculosa. “É uma doença de carrapato. O parasita tem obrigatoriamente que picar um mamífero para fazer seu ciclo de vida. A capivara, ao ficar doente, fica com a bactéria circulando no sangue por 15 dias aproximadamente. Depois disso, fica imune e passa a atuar como uma barreira sanitária, evitando o espalhar dessa doença”, disse o especialista.
CONTROLE A coordenadora da organização não governamental Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais, Adriana Araújo, apoia a ideia da esterilização de machos e fêmeas. “Tem que haver também o controle periódico dos carrapatos e a microchipagem de animais, para identificação das capivaras e controle das que chegam. O manejo é constituído de várias ações, mas a principal é a conscientização constante da população de Belo Horizonte, não apenas no parque ecológico. Por pressão nossa, a prefeitura fez um panfleto informativo pela primeira vez em 2014 e deixa à disposição no balcão do parque ”, disse Adriana.
Desde junho de 2013, segundo Adriana, a ONG vem acompanhando o que ela chama de “novela das capivaras”, quando a prefeitura tinha interesse de retirar todos animais da Pampulha. “Buscamos em primeiro lugar, responsavelmente, conhecer sobre o assunto e buscar orientação junto aos maiores técnicos do Brasil”, disse. Segundo ela, estudos feitos com profissionais renomados do país, entre técnicos do Ibama e pesquisadores das Universidade de São Paulo (USP), das federais de Viçosa e do Paraná e a Promotoria de Saúde e Meio Ambiente de Minas Gerais, recomendam a permanência das capivaras na Lagoa da Pampulha, mas mediante o manejo populacional ético, com interrupção da procriação por meio de procedimento cirúrgico.