Uma fundação ligada a um dos líderes do partido antiliberal espanhol Podemos teve acesso a 3,2 milhões de dólares com a taxa oficial subsidiada do governo da Venezuela entre 2004 e 2012,afirmou neste domingo o jornal venezuelano El Nacional.
"Ao Centro de Estudos Políticos e Sociais (CEPS), vinculado ao dirigente do Podemos, Juan Carlos Monedero, foram entregues 3,2 milhões de dólares entre 2004 e 2012", disse o El Nacional.
Alvo de denúncias de financiamento de governos de esquerda na América Latona, o Podemos divulgou suas contas na última sexta-feira para desmentir qualquer financiamento internacional.
Segundo o El Nacional os 3,2 milhões de dólares foram entregues ao CEPS, segundo o texto, pela Comissão de Administração de Divisas (Cadivi), organismo governamental encarregado da venda de dólares pela taxa oficial na Venezuela, onde vigora um controle cambial há mais de yna década.
"Esses dólares, aos quais têm acesso importadores e residentes na Venezuela por meio de um restrito processo burocrático, foram atribuídos ao CEPS apesar de a fundação não ter direção na Venezuela nem estar no Registro Nacional de Contratistas".
"As divisas eram da categoria 'outros conceitos', o que indica que foram aprovadas através de pedidos de casos especiais e não para importar bens", aponta o jornal.
O controle do câmbio resultou no surgimento de um mercado paralelo em que o dólar sempre está acima da taxa oficial. De 2004 a 2012, quando as divisas teriam sido entregues ao CEPS, o chamado dólar negro estava aproximadamente o dobro da cotação oficial.
Segundo a versão do jornal, em 2014, quando a taxa paralela já havia disparado -atualmente é de cerca de 220 bolívares o dólar contra 6,30 da cotação oficial-, o CEPS "continuou recebendo divisas" e "segundo dados de uma lista oficial, entre janeiro e agosto desse ano foram aprovados 39.523 dólares".
O El Nacional compara o caso do CEPS ao de atletas e equipes profissionais, pois a fundação teria recebido quantidades parecidas às destinadas ao pagamento de jogadores estrangeiros e viagens internacionais.
O jornal também lembra as ocasiões em que Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos, e Juan Carlos Monedero, fundador do partido que foi assessor do falecido ex-presidente venezuelano Hugo Chávez (1999-2013) estiveram na Venezuela.