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Estado de Minas

Governo palestino renuncia em razão de divisões internas


postado em 17/06/2015 10:52 / atualizado em 17/06/2015 11:31

O primeiro-ministro palestino Rami Hamdallah apresentou nesta quarta-feira a demissão do governo de união ao presidente Mahmud Abbas, em razão da crescente fratura entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza e o desafio representado pelas discussões que o Hamas estaria mantendo secretamente com Israel.


"Hamdallah apresentou sua demissão a Abbas, que ordenou que ele forme um novo governo", declarou Nimr Hamad, conselheiro político de Abbas. Na véspera, Abbas anunciou a seu partido, o Fatah, que a renúncia do governo palestino aconteceria em 24 horas.


Hamdallah deve agora iniciar suas consultas com todos os movimentos palestinos, incluindo o Hamas. A renúncia pode abrir um período de incertezas ainda maior e a divisão, não apenas geográfica dos territórios palestinos, parece cada vez mais pronunciada.


A demissão seria uma consequência das divisões dos movimentos palestinos, apesar da reconciliação proclamada em 2014, e da incapacidade do governo de união nacional, formado para exercer sua autoridade na Faixa de Gaza. Desde 2014, o movimento islamita Hamas não deu nenhum sinal verdadeiro de que cederia o poder que ele tomou à força na Faixa de Gaza após a quase guerra civil de 2007 com o Fatah, laico e moderado, de Abbas.


As perspectivas de criação de um Estado palestino parecem cada vez mais distantes. A reconciliação proclamada não se traduziu em ação e a Faixa de Gaza é "um barril de pólvora", segundo as palavras do chefe da diplomacia alemã.


Governo de políticos


O Hamas rejeitou oficialmente nesta quarta-feira a dissolução "unilateral" do governo de unidade palestino por iniciativa do presidente Mahmud Abbas. "O Hamas rejeita qualquer mudança unilateral do governo sem o consentimento de todas as partes", disse à AFP Sami Abu Zuhri, porta-voz do movimento islamita palestino.


Apesar das declarações, um líder do Hamas, Ziad al-Zaza, deixou uma porta aberta. Ele pediu que o presidente Abbas substitua o governo - deliberadamente composto por tecnocratas apoiados pelo Fatah e o Hamas - por um governo mais político, "com todos os movimentos nacionais e islâmicos para enfrentar a ocupação israelense". "Eu acredito que nós estamos indo de encontro a um governo político, em vez de tecnocrata", declarou sob condição de anonimato um funcionário da OLP. As discussões internas destacaram a necessidade de um tal governo, afirmou.


Neste sentido, Ziad al-Zaza deu a entender que o Hamas estava pronto para um tal governo. Mas grande parte da comunidade internacional se recusa a negociar com o Hamas, considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel.


Negociações secretas


De fato, a Autoridade Palestina, órgão provisório criado em 1994 como consequência dos acordos de Oslo para governar todos os territórios palestinos, teve que se contentar em continuar governando a Cisjordânia, fisicamente separada da Faixa de Gaza pelo território israelense.


Mas após anos de rupturas, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), dominada pelo Fatah, selou sua reconciliação com o Hamas em 23 de abril de 2014. O acordo instaurava um governo de transição, de "consenso nacional", integrado por tecnocratas aprovados pelos dois movimentos. Contudo, durante a guerra de 2014 com Israel na Faixa de Gaza, as divergências entre a Autoridade Palestina e o Hamas voltaram a se manifestar.


Abbas acusa o Hamas de manter um governo "paralelo" na Faixa de Gaza, e o Fatah aponta abertamente o movimento islâmico com o responsável por uma dezena de atentados contra veículos e residências de seus dirigentes no enclave. Os dois movimentos também se acusam mutuamente pela falta de reconstrução da Faixa de Gaza.


Mas, o ápice deste conflito aconteceu quando o Hamas, sem o conhecimento da Autoridade Palestina, teria negociado com o inimigo israelense por uma trégua duradoura na Faixa de Gaza. Contatos teriam sido realizadas com o intermediário árabe e europeu para consolidar o cessar-fogo informal que terminou com a guerra em 2014, segundo indicaram na terça-feira fontes dentro do Hamas.


Se a Autoridade aceitar a possibilidade de um acordo sem o seu conhecimento entre o Hamas e Israel, "é toda a ideia de um Estado palestino que desaparece completamente", disse uma autoridade da OLP.


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