Máscaras brancas, representando rostos de pessoas desaparecidas, foram usadas pela organização não governamental (ONG) Rio de Paz para protestar contra o desaparecimento de Juan, de 11 anos, e para lembrar dos 22.533 desparecidos no estado entre 2007 e 2011. Juan sumiu após um confronto entre a Polícia Militar e um suposto traficante, em Nova Iguaçu, na baixada fluminense.
Nas escadarias da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a ONG estendeu faixas pedindo investigação rigorosa sobre o caso do menino. No último dia 20, ele foi foi baleado junto com o irmão, Wesley, de 14 anos, na Favela Danon, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). O mais velho voltou para casa para pedir socorro, mas quando voltou com a mãe, não encontrou mais o corpo do irmão.
De acordo com o presidente da Rio de Paz, Antônio Carlos da Costa, os principais suspeitos do desaparecimento de Juan são os policiais militares que participaram do confronto. Eles foram afastados e respondem à sindicância interna. A Polícia Civil tomou depoimentos dos militares e aguarda os laudos das perícias no local do confronto e no carro usado pelos PMs para seguir a investigação.
Policiais militares também são suspeitos de envolvimento no caso do desaparecimento, há três anos, da engenheira Patrícia Amieiro, de 24 anos. O pai, Antônio de Celso Franco, que também participou do protesto, disse que a investigação constatou que o carro da filha foi atingido por três tiros antes de mergulhar em canal na Barra da Tijuca. O corpo não foi encontrado. "Foi um suposto acidente. Eles [os policiais] esconderam um monte de coisas no inquérito, mas que a perícia conseguiu provar. Esconderam que deram tiros no carro, mudaram o veículo de lugar, retiraram o banco, várias coisas", disse Franco.
A Rio de Paz alerta que o aumento dos casos de desaparecimentos pode estar ligado a homicídios dolosos. O presidente da ONG lembrou que grupos criminosos, como os ligados ao tráfico e às milícias, utilizam práticas "sórdidas", como queimar as vítimas ainda vivas em fogueiras alimentadas por pneus, conhecidas como "microondas".
"Sabemos que há inúmeros cemitérios clandestinos, temos informações de corpos lançados na Baía de Guanabara, de incineração de pessoas vivas no chamado 'microondas' ou devoradas por animais, como jacarés", disse Carlos da Costa. Ele denunciou ainda que o número de pessoas desaparecidas no estado do Rio nos últimos quatro anos já supera o de ativistas desaparecidos durante todo o período da ditadura militar, entre 1964 e 1985.