Vaticano, 29 - O papa Paulo VI, que morreu em 1978, será o próximo pontífice a ser declarado santo. Sua beatificação ocorrerá até o fim do ano e será feita em Milão, onde ele foi arcebispo e cardeal com o nome de Giovanni Battista Montini, antes de ser eleito para a sucessão de São João XXIII no conclave de 1963. A cerimônia deverá ser presidida pelo arcebispo da arquidiocese, cardeal Angelo Scola, ou pelo prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato.
Os teólogos e os peritos médicos da Congregação reconheceram como milagre necessário para a beatificação a cura de um nascituro da Califórnia, nos Estados Unidos, no início dos anos 1990. Segundo os médicos que acompanhavam a gravidez, a mãe teria de fazer aborto para sobreviver, porque o feto apresentava graves problemas no cérebro. Ela se recusou e recorreu à intercessão de Paulo VI, que escreveu em a encíclica Humanae Vitae (a Vida Humana) em 1968. A criança nasceu sadia.
"A beatificação e posterior canonização de Paulo VI será importante para a Igreja e especialmente importante para a América Latina, por causa de sua atuação no Concílio Vaticano II, ao qual deu continuidade após a morte de João XXIII", declarou ao Estado o cardeal brasileiro d. João Brás Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, mais conhecida como Congregação para os Religiosos.
O cardeal lembrou também o apoio que Paulo VI deu com sua presença à Conferência do Episcopado da América Latina de Medellín, realizada na Colômbia, em 1968. Para o cardeal Aviz, a beatificação de Paulo VI dará novo impulso aos documentos aprovados pelo Concílio Vaticano II. "Já se passaram 50 anos e, no entanto, metade das conclusões do Concílio ainda não foram postas em prática, o que significa que falta fazer muita coisa", disse o cardeal. Ele citou como exemplo o que pode ser atualizado, à luz do Vaticano II, na área dos religiosos. "Precisamos de mais diálogo, porque não funciona mais o autoritarismo de tempos passados", afirmou.
A Congregação para os Religiosos tem cerca de 1,5 milhão de padres e freiras nos cinco continentes. "O número de religiosos tem caído na Europa, mas há um crescimento em outras partes, como na África e na América Latina", informou o cardeal Aviz. Catarinense da cidade de Mafra, onde nasceu em 1947, ele foi cardeal arcebispo de Brasília de 2004 a 2011, quando o papa Bento VI o chamou para a Cúria Romana, O papa Francisco o confirmou no cargo em 16 de março último.
Roma na canonização.
O prefeito de Roma, Ignazio Marino, afirmou que a canonização dos papas João XXIII e João Paulo II reuniu, domingo, 27, pelo menos 1,5 milhão de peregrinos - quase o dobro dos 800 mil do número divulgado pelo Vaticano. "Uns meses atrás, o papa Francisco me disse que eu ia 'dançar' no dia 27 de abril para enfrentar o afluxo de tanta gente, mas Roma se comportou muito bem", disse o prefeito.
Os transportes, a segurança e a assistência médica funcionaram perfeitamente e um dia depois da cerimônia, na segunda-feira, a prefeitura já havia retirado as 100 toneladas de lixo acumuladas nas ruas. No Vaticano, foi desmontada toda a estrutura armada para a assistência ao povo. A canonização foi um bom negócio para hotéis, restaurantes e comércio, que registraram um aumento de 18,5% em seu movimento, em comparação com a Semana de Páscoa dos anos passados.