Brasília, 27 - Preocupado com o avanço da dengue e do zika vírus, o governo vai ampliar a quantidade de militares das Forças Armadas para atuar no combate ao mosquito Aedes aegypti. A ideia é que 220 mil homens atuem nessa frente, o que corresponde a cerca de 60% de todo efetivo do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Segundo o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, 50 mil homens atuarão diretamente visitando residências para eliminar focos de proliferação do mosquito e orientar moradores. Essa ação ocorrerá entre os dias 15 e 18 do próximo mês e será articulada em conjunto com o Ministério da Saúde e com os governos estaduais e municipais. Atualmente, o número de militares que estão nas ruas é 2 mil.
A tropa completa, de 220 mil homens, vai ser mobilizada para atuar numa campanha de caráter educativo, com a entrega de panfletos com orientações à população. A mobilização está prevista para ocorrer no dia 13 de fevereiro e a ideia é visitar 3 milhões de casas em 356 municípios - 115 deles considerados endêmicos.
O Ministério da Defesa também vai disponibilizar homens e mulheres para participar da campanha que o Ministério da Educação vai realizar em escolas, para a conscientização de crianças e adolescentes. Paralelamente a isso, os militares também vão fazer uma varredura em quartéis para eliminar eventuais focos do mosquito.
Questionado por que somente agora as Forças Armadas vão começar a atuar efetivamente no combate ao Aedes aegypti, Aldo evitou criticar o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro, e afirmou que já há militares ajudando no combate da epidemia em cidades onde a situação está mais crítica. "Nós atuamos quando somos convocados. Esse esforço maior de participação é correspondente ao esforço que o governo vem fazendo para erradicar o mosquito", disse.
O anúncio desta quarta-feira, 27, faz parte de uma cobrança da presidente Dilma Rousseff para que o governo mostre à população que está desenvolvendo ações concretas para combater o mosquito. Nos últimos dias, a presidente não escondeu o seu descontentamento em relação à atuação e às declarações polêmicas do ministro da Saúde. Esta semana ele chegou a dizer que o Brasil estava perdendo a guerra contra o Aedes aegypti.
No esforço para demonstrar serviço, Castro também começou a negociar nesta quarta a compra de repelentes para cerca de 400 mil grávidas que estão inscritas no programa Bolsa Família. A ideia é fornecer o produto para que elas possam se proteger do zika vírus, apontado como responsável pelo aumento do número de bebês com microcefalia que tem sido registrado no País desde o fim do ano passado.