A história de Pablo ficou conhecida depois que ele devolveu um smartphone que encontrou para o dono, o analista de redes Nikolas Soares Valério. Quando Nikolas ofereceu R$ 200 como recompensa pela devolução, o adolescente surpreendeu e recusou o dinheiro. Em troca, pediu ajuda para conseguir um emprego.
Pablo contou que desde 2010, quando o pai morreu, passou a trabalhar para ajudar no orçamento da família, que conta com mais três irmãos e a mãe, Lucilene Oliveira. Comovido, Nikolas divulgou a história em uma rede social, pedindo ajuda para o jovem.
O episódio se espalhou pela internet — em poucas horas, foi compartilhada por 2 mil usuários — e chegou aos diretores Financeiro e de Comunicação da Asmego, Clauber Costa Abreu e Eduardo Perez, respectivamente. Os dois entrevistaram o garoto e o contrataram como auxiliar de almoxarifado. “O ato dele foi de extrema honestidade e uma prova de que ele tem caráter. Agora, a única condição é que ele assuma o compromisso de voltar aos estudos“, conta ao Correio Clauber Abreu.
O horário de trabalho de Pablo será flexível para que ele possa concluir o ensino médio e tentar uma vaga na faculdade de direito, perseguindo assim a carreira de juiz. "Fico feliz de poder ajudar minha mãe a montar a confecção dela", conta o garoto. "Acho que só a honestidade faz a gente entrar e sair de qualquer lugar. Fico feliz em poder mostrar que nós jovens ainda podemos dar orgulho, principalmente para nossos pais", confessa, emocionado.
Mais de 30 ofertas de emprego
Depois do post feito por Nikolas, Pablo conta que recebeu mais de 30 propostas de emprego, e passou os últimos dois dias fazendo entrevistas, até entrar com sua mãe, a costureira Lucilene de Paula, na sala dos diretores da Asmego.
Para o presidente da associação, Wilton Müller Salomão, essa é uma situação que não deveria ser excepcional. "Vivemos em um país onde sempre há corrupção. Então, quando um caso de honestidade aparece, tomamos isso como um caso raro. Mas deveria acontecer sempre, de forma natural", avalia.
Salomão está certo de os magistrados que integram a Asmego apoiam a decisão. "Nossa associação atende a todos os magistrados do Goiás, então sempre atuamos como uma família. Quando um está mal, todos ajudamos", diz. Ele ainda espera que Pablo sirva como exemplo para os brasileiros: "Tomara que, depois desse evento, desperte em cada um de nós o nobre espírito desse garoto".