A Medicina Reprodutiva, ramo da Medicina que se ocupa da avaliação e tratamento das alterações da fertilidade humana, abriu inúmeras oportunidades para as mulheres receberem tratamentos avançados quando há dificuldade de alcançar a maternidade. Além disso, ao esclarecer vários processos relacionados à ovulação e à gravidez, permitiu o desenvolvimento de técnicas e tratamentos antes impensados.
Em 1978, na Inglaterra, a fertilização de um óvulo por um espermatozoide em laboratório produziu uma gravidez que evoluiu ao termo com o nascimento de uma menina: Louise Brown. Era a primeira criança obtida através de fertilização in vitro (FIV) (“bebê de proveta”) e a novidade se espalhou pelos quatro cantos do planeta. Desde então, inúmeros foram os avanços que contribuíram não só para o tratamento dos casais inférteis, mas para a saúde das mulheres em geral.
Avanços com a FIV
O desenvolvimento da FIV permitiu uma melhor compreensão da fisiologia feminina e o surgimento de procedimentos diagnósticos e medicamentos que ajudam a identificar e tratar desde distúrbios ovulatórios a doenças genéticas. As técnicas de biópsia embrionária tornaram possível o estudo genético de embriões humanos e a seleção de embriões saudáveis, reduzindo ou eliminando o risco de doenças graves, antes intratáveis, como a hemofilia e a fibrose cística do pâncreas.
É possível, ainda, postergar a maternidade através do congelamento de óvulos, que preferencialmente deve ser feito até os 35 anos para obtenção dos melhores resultados. É o que explica a ginecologista do Instituto Biocor, Márcia Mendonça Carneiro.
“As mulheres nascem com um estoque fixo e não-renovável de óvulos, cuja quantidade e qualidade reduz com o passar dos anos até a ocorrência da última menstruação (menopausa). Até o momento, não há nenhum método capaz de medir nem a quantidade nem a qualidade do pool de óvulos, a chamada reserva ovariana”, esclarece a ginecologista.
Apesar de todo o desenvolvimento tecnológico, não há como medir o tempo de vida fértil de uma mulher nem meios eficazes para prolongá-lo naturalmente. Dessa forma, a decisão de ser mãe não pode ser adiada indefinidamente. A maternidade deve ser discutida e planejada de modo a permitir uma gestação sem complicações e o nascimento de crianças saudáveis.
Fertilidade em pacientes oncológicos
Os recentes progressos no diagnóstico e tratamento do câncer resultaram em aumento da sobrevida e fez surgir a preocupação com a preservação da fertilidade em pacientes oncológicos. Avanços importantes nas técnicas de criopreservação permitiram não apenas o congelamento de embriões para transferência após o tratamento, como o armazenamento de óvulos e espermatozoides para posterior fertilização.
Os avanços são muitos e a medicina reprodutiva caminha a passos largos, permitindo a inúmeros casais, até então inférteis, a chance de ter seus próprios filhos. Médicos e pesquisadores espalhados pelo mundo trabalham incansavelmente superando limites, proporcionando a realização de sonhos e a construção de famílias.