Março é o mês de conscientização sobre endometriose. Embora a doença seja benigna, compromete a qualidade de vida de cerca de 6 milhões de brasileiras, seja por causa da dor pélvica, da infertilidade ou dos tratamentos muitas vezes ineficazes e inadequados.
A Endometriose é uma doença benigna que afeta até 10% das mulheres em idade reprodutiva e se manifesta principalmente por dor pélvica e dificuldade para engravidar. A doença caracteriza-se pela presença do tecido que reveste o útero (endométrio) na pelve feminina e em outras localizações. Acredita-se que múltiplos elementos se combinem para gerar a doença, havendo interação de fatores mecânicos, genéticos, imunológicos, endócrinos e ambientais.
Como posso saber se tenho endometriose?
A suspeita pode surgir durante a consulta médica com o relato dos sintomas da paciente e realização do exame clínico ginecológico. A ultrassonografia pélvica e transvaginal (USTV) com preparo intestinal e a ressonância magnética (RM) com protocolos especializados são os principais métodos por imagem para detecção e estadiamento da endometriose. Devem, todavia, ser realizados por profissionais com treinamento e experiência nesse diagnóstico. A videolaparoscopia com biópsia das lesões endometrióticos fica reservada para casos específicos após avaliação especializada.
Quais são os sintomas da endometriose?
É importante salientar que em até 25% das mulheres, a doença pode ser silenciosa. A dor pélvica, entretanto é um sintoma muito comum e suas características podem variar. Cólicas menstruais são frequentes, mas outros tipos de dor pélvica não relacionadas ao ciclo menstrual podem ocorrer, inclusive durante o ato sexual e ao evacuar ou urinar. A piora da dor durante o período menstrual também alerta para a possibilidade de endometriose.
É importante lembrar que outras causas de dor pélvica podem estar presentes como alterações intestinais, ortopédicas e urinárias que devem ser identificadas e tratadas.
A infertilidade também é uma condição associada à endometriose, embora nem toda mulher com endometriose seja infértil. Entre as inférteis, entretanto, até 50% tem endometriose.
Como explica a ginecologista Márcia Mendonça Carneiro, o tratamento dependerá dos sintomas, da idade da mulher e do desejo de engravidar no futuro.
"Embora a melhor abordagem terapêutica para a endometriose ainda não tenha sido estabelecida, a cirurgia associada ao tratamento medicamentoso permanece como opção principal. Estudos revelam que os melhores resultados são obtidos quando o tratamento é realizado por equipe multidisciplinar", ressalta.