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Estado de Minas SAÚDE DA MULHER

COVID-19: Como lidar com a gravidez e os tratamentos para engravidar

Com a pandemia do novo coronavírus, várias questões surgiram relativas ao cuidado de gestantes e de casais que planejavam fazer tratamento para engravidar


Biocor
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postado em 25/05/2020 10:00 / atualizado em 04/06/2020 14:38

(foto: Pixbay)
(foto: Pixbay)
A pandemia do COVID-19 trouxe inúmeras transformações impensáveis até algumas semanas atrás. Médicos, enfermeiros, cientistas e demais profissionais de saúde passaram a se dedicar quase que integralmente ao cuidado dos milhares de doentes diante da perplexidade de todos ante a virulência do novo coronavírus. Diante da gravidade da pandemia, várias questões surgiram relativas ao cuidado de gestantes e de casais que planejavam fazer tratamento para engravidar. 
 
Infelizmente ainda não há nada definitivo e, à medida que o conhecimento avança e muda rapidamente, novas orientações são revistas e publicadas. Dessa forma, conversar com seu médico sobre a situação é fundamental.  
 
O que sabemos até o momento?


Dra. Márcia Mendonça Carneiro, ginecologista do corpo clínico do Biocor Instituto.(foto: Divulgação/Biocor)
Dra. Márcia Mendonça Carneiro, ginecologista do corpo clínico do Biocor Instituto. (foto: Divulgação/Biocor)
 

Tratamentos para engravidar


Embora ainda não haja dados definitivos sobre os efeitos da infecção pelo COVID-19 sobre o feto e a gravidez em si nos primeiros trimestres, a recomendação é adiar o tratamento para engravidar. As clínicas de medicina reprodutiva nesse momento devem minimizar o número de médicos, funcionários e pacientes, além de oferecer suporte a esclarecimentos de dúvidas à distância.
 
Novos tratamentos, incluindo indução da ovulação, inseminação intrauterina, fertilização in vitro e congelamento de gametas não devem ser iniciados. O atendimento de urgência deve ser mantido para os casos de preservação de fertilidade em pacientes oncológicos.
 
Idade e baixa reserva ovariana, até o momento, não devem ser classificados como urgentes. Tratamentos já iniciados devem ser individualizados e, neste caso, está recomendado o congelamento de gametas ou embriões para gravidez posterior. Caso a pandemia se prolongue por mais tempo, médicos assistentes, em conjunto com os casais, devem reavaliar o critério de urgência.
 
Adiar o sonho de gravidez tem impactos emocionais importantes, especialmente o medo do insucesso e os possíveis efeitos adversos do cancelamento de um tratamento, que muitas vezes corre atrás do tempo biológico. Além do suporte emocional, cabe à equipe assistencial esclarecer todas as dúvidas dos pacientes, e oferecer se possível  o atendimento virtual para acolher e esclarecer todas as dúvidas do casal/paciente em tratamento.

O que pode ser feito enquanto a gravidez não vem?


O momento é delicado e é natural a ansiedade diante do adiamento do sonho da maternidade. É possível, entretanto, usar este tempo para investir em ações que podem melhorar suas chances de engravidar e reduzir riscos eventuais durante a gestação. O cuidado pré-concepcional envolve adoção de medidas para melhorar o estado de saúde do casal e incluir hábitos que podem melhorar a saúde materna e do bebê a curto e longo prazo.
 
Entre as medidas estão:
  • controle do peso;
  • iniciar programa de atividade física regular;
  • suplementação de ácido fólico;
  • interrupção do tabagismo;
  • mudanças na dieta;
  • identificação e controle de doenças como diabetes e hipertensão.

Gravidez e COVID-19


Ainda não é conhecido o risco real da infecção por COVID-19 em gestantes, e não existem dados sobre o risco fetal no primeiro e no segundo trimestre de gestação. Outros tipos de coronavírus todavia já foram associados a aborto espontâneo, prematuridade e crescimento intrauterino restrito. Não há indicação que a COVID-19 seja teratogênico. 
 
Os dados atualmente disponíveis sobre o coronavírus não parecem indicar que as mulheres grávidas apresentam maior risco de infecção grave. Sabe-se, entretanto, que as mulheres grávidas correm maior risco de complicações por outras infecções respiratórias, como influenza e SARS-CoV,  assim devem ser orientadas quanto às medidas de proteção (isolamento social, lavar as mãos, higiene respiratória)  e sintomas da infecção (febre, tosse, falta de ar). 
 
Até o presente momento, não está claro se o COVID-19 pode atravessar a placenta e chegar até o feto, nem no leite materno. Os dados disponíveis ainda são escassos e não permitem chegar a uma conclusão definitiva.  A indicação de interrupção da gravidez assim como a via de parto devem ser definidas após avaliação médica, não havendo  indicação específica de cesariana ou parto normal. 
 
A rotina pré-natal habitual deve ser mantida em gestantes sem sinais ou sintomas da doença. Recomenda-se investigar em todas as consultas a presença de sintomas gripais e/ou contatos recentes com pessoas infectadas pela doença e medir a temperatura axilar. O eventual diagnóstico de coronavírus durante a gravidez requer atenção imediata, encaminhamento para maternidade especializada e cuidado por equipe multidisciplinar.
 
Há relatos de resultados adversos em bebês (por exemplo, nascimento prematuro) naqueles nascidos de mães positivas para COVID-19 durante a gravidez. No entanto, essas informações são baseadas em dados limitados e não está claro que esses resultados estejam relacionados à infecção materna. 

Cuidado ginecológico durante a pandemia


Diante da pandemia e das orientações de isolamento social e evitar aglomerações, o Conselho Regional de Medicina assim como várias sociedades médicas orientaram a suspensão de consultas eletivas. Dessa forma, milhares de avaliações de rotina e outras situações que embora não comprometam a saúde de forma grave trazem incômodo ou preocupação,  foram deixadas temporariamente de lado. 
 
Muitas mulheres ficaram sem saber o que fazer quanto a sua rotina ginecológica ou com o desconforto ao urinar e até aquele corrimento chato foi deixado de lado.  Nesse caso, a melhor opção é tentar entrar em contato com seu ginecologista e pedir uma orientação direta. Muitas dessas queixas podem ser rapidamente resolvidas sem necessidade de ir ao consultório ou hospital. A  alternativa que surgiu foi a possibilidade de consultas à distância através da telemedicina, recentemente regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina.
 
Por outro lado queixas como dor persistente que não melhora após uso de analgésicos comuns, sangramento genital volumoso e febre sugerem necessidade de avaliação mais imediata. Nódulos que surgem na mama ou axilas também devem ser prontamente examinados. A realização de exames preventivos do colo do útero e da mama pode ser organizada de modo a evitar aglomerações e saídas desnecessárias. Cirurgias devido a doenças benignas como miomas devem ser discutidas com o médico assistente.
 
O ciclo menstrual é sensível ao estresse e, dessa forma,  algumas mulheres podem experimentar modificações no ciclo menstrual  durante a pandemia. Aumento ou perda de peso que podem ocorrer durante a quarentena, assim como o estresse, podem resultar em suspensão da ovulação e irregularidade menstrual. Em geral, são situações auto-limitadas, reversíveis e facilmente tratadas.
 
O uso de contraceptivos em geral é seguro durante a pandemia e não parece haver qualquer interação entre a infecção pelo COVID-19 e os métodos disponíveis. As mesmas orientações permanecem sobre o uso de métodos contraceptivos para evitar gestações não planejadas, assim como o uso do preservativo para a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.

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