Prestes a completar dois anos, o pequeno Theo é uma criança que aproveita ao máximo as brincadeiras típicas da idade dele. Entre elas, correr e pular pelos cantos da casa.
Quem vê o menino forte e de sorriso largo no colo da mãe não imagina que ao nascer, Theo já havia sido diagnosticado com uma cardiopatia congênita e que com apenas cinco dias de vida, passou por uma complexa cirurgia sem a qual ele não sobreviveria.
A mãe do menino lembra com emoção do momento em que descobriu a condição do filho. “Fiz o exame morfológico por volta da 21ª semana e o médico que fez o ultrassom percebeu uma alteração no coração do bebê”, conta Soraya Torres Gaze Jangola, de 39 anos.
Segundo ela, este foi o alerta que deu início à investigação sobre a cardiopatia. Descobrir cedo foi essencial para que a equipe médica que os acompanhou traçasse um plano de ação para garantir que a criança recebesse o melhor tratamento desde os primeiros momentos de vida.
Theo nasceu em julho de 2016, com diagnóstico de Transposição das Grandes Artérias – condição em que a aorta e a artéria pulmonar nascem invertidas, o que cria duas circulações paralelas e impede que o sangue leve oxigênio aos órgãos do corpo.
Cientes da gravidade do caso do bebê, uma equipe multidisciplinar que já vinha trabalhando há meses no caso entrou em cena para realizar a complexa cirurgia que permitiu que o menino possa ter uma vida normal.
A doença de Theo é uma entre vários tipos de anomalias causadas por defeitos anatômicos do coração ou grandes vasos que atingem recém-nascidos.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 10 a cada 1000 bebês nascidos vivos sofrem de cardiopatia congênita. Em cerca de 80% dos casos, a intervenção cirúrgica é necessária.
Marina Pinheiro Rocha Fantini , que faz parte da equipe de cardiologia pediátrica da Rede Mater Dei, onde o menino Theo foi operado, explica que o diagnóstico precoce é muito importante para garantir um parto seguro e tratamento adequado para o bebê com algum tipo de cardiopatia. “O pré-natal é essencial porque durante o ultrassom é possível perceber se há algo errado.
Em caso de suspeita ou de algum fator de risco pré-existente, o especialista pode pedir uma ecocardiografia fetal, que é feita no período entre 24 e 28 semanas de gestação. Com este exame é possível detectar uma cardiopatia no bebê ainda no útero da mãe”, esclarece a médica.
Feito o diagnóstico, entra em ação uma equipe formada por vários especialistas que, juntos, terão condições de definir a melhor abordagem para o tratamento da criança que está para nascer.
Extremamente delicada, a cirurgia cardíaca em recém-nascidos demanda cuidados ainda mais especiais do que aqueles necessários para uma intervenção em um coração adulto. “Trabalhar em um campo tão pequeno é muito difícil.
Os pontos são muito sutis e o cirurgião necessita de lupa para enxergar os fios. Além disso, é preciso uma equipe de profissionais especializados para a operação”, detalha Marina.
A cardiologista pediátrica explica que na Rede Mater Dei os bebês são acompanhados por cardiologista pediátrico, anestesista, cirurgião cardiovascular pediátrico, hemodinamicista, ecocardiografista e terapia intensiva.
Cirurgião cardiovascular pediátrico do Mater Dei, Marcelo Frederique de Castro destaca ainda que “o êxito do procedimento depende da qualidade, do desempenho e das interações da equipe multidisciplinar e também do laboratório de hemodinâmica, sala híbrida, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, ecocardiograma, incluindo a ecocardiografia fetal”.
A equipe multidisciplinar da Rede Mater Dei de Saúde atua do diagnóstico pré-natal, ao acompanhamento pós -parto e definição do tratamento em todas as fases da vida da criança . “É um atendimento muito humanizado e individualizado. Cada caso é um caso e cada criança precisa ser operada em um momento específico da vida.
Umas serão logo depois de nascer, outras precisam crescer um pouco”, afirma Marina Fantini. Para Soraya, perceber este diferencial na equipe que a atendeu durante a gravidez fez muita diferença para enfrentar o momento da cirurgia do Theo. “Encontrei com o cirurgião com antecedência e calma.
Ele explicou com delicadeza um procedimento que era de alto risco, sem me esconder nada, nos mínimos detalhes. Isso me deixou muito consciente do que aconteceria quando meu filho nascesse.
Por isso, não tive nenhum problema em entregá-lo nas mãos daquela equipe. Eles me prepararam durante quase 20 semanas”, relata a mãe do garoto.
Com visitas semestrais ao consultório da cardiologista para acompanhamento médico, Soraya comemora o fato de o filho ter uma vida normal, como qualquer outra criança.
Ela ainda faz questão de deixar uma orientação para as futuras mamães. “Se eu puder dar uma dica, digo que escolham um bom profissional para fazer o ultrassom, que te acompanhe durante todo o pré-natal.
Ele pode ser determinante para detectar qualquer complicação”, aconselha.