Os R$ 70 mil em dinheiro vivo apreendidos no gabinete do deputado Dilzon Melo (PTB), na Assembleia Legislativa de Minas, pertencem aos lobistas Marco Antonio Reis, o Marcão, e Eugênio de Figueiredo Mendonça, o Geninho, conforme sustenta a Polícia Federal (PF) no inquérito da Operação Convite Certo. Os dois são funcionários de confiança do deputado e foram presos quarta-feira com mais seis pessoas acusadas de envolvimento com o esquema de fraudes em licitações públicas para a contratação de escritórios de advocacia por prefeituras do interior. O dado da investigação da PF contradiz versão apresentada pelo deputado em entrevista coletiva para a imprensa, concedida também na quarta-feira, dia da deflagração da primeira fase da operação.
No entanto, de acordo com a PF, o dinheiro apreendido veio de propina do esquema, que lucrava R$ 80 mil mensais, em média, por contrato fechado com as prefeituras. O dinheiro, inclusive, já tinha destino certo. Seria usado por Marcão e Geninho para comprar um imóvel em uma das cidades-alvo da operação, conforme contrato de compra e venda, que foi apreendido em poder de um dos acusados e que foi anexado na investigação da Operação Convite Certo.
Pela lei, se quiser reaver a quantia, o deputado terá que entrar com um pedido formal de restituição na Justiça. Dessa forma, terá que apresentar comprovantes, como saques bancários ou contratos de venda de bens que possam comprovar a origem do recurso. Caso contrário, o dinheiro fica retido pela Justiça.
De acordo com as investigações, os dois assessores de Dilzon agiam como lobistas dentro da ALMG para atender os interesses do advogado Fabrício Alves Quirino, proprietário da Valor Consultoria Empresarial e Pública Ltda, alvo principal dos federais. Cabia a eles fazer o papel de intermediários no contato com as prefeituras clientes do interior. Em muitas oportunidades, eles fizeram tráfico de influência usando o nome do deputado para demonstrar prestígio.
Procurado pela reportagem, Dilzon não foi localizado ontem por sua assessoria de imprensa até o fechamento desta edição. Contudo, a assessoria do deputado informou que o advogado dele declarou que não teve acesso ao inquérito, pois o deputado não é alvo da operação.
CIDADES Ontem, a PF iniciou os interrogatórios da operação em Belo Horizonte. Sócio de Quirino na Valor Consultoria, localizada no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul da capital, o empresário Marcus Vinícius Souza Santana, que também é dono da Yndaiá Consultoria Pública e Privada Ltda, foi o primeiro a ser ouvido nessa fase da investigação.
Ao menos por enquanto, nove cidades estão na mira da PF. No caso de Campos Gerais, Coqueiral, Boa Esperança, Carmo do Paranaíba, Alfenas e Dores do Indaiá, os federais têm elementos suficientes para indiciar os acusados de envolvimento com a fraude. Em Campanha, Nepomuceno e Três Pontas documentos estão sendo investigados, mas ainda não há provas robustas. Por meio de fax, a Prefeitura de Carmo do Paranaíba informou ontem que a Valor Consultoria e a Yndaiá Consultoria venceram duas licitações na cidade. No entanto, devido a problemas nos editais, os contratos não foram assinados, portanto, elas não receberam qualquer pagamento.