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Estado de Minas

Obras inauguradas por Dilma e Lula estão paradas ou com problemas


postado em 10/07/2011 06:49 / atualizado em 10/07/2011 09:52

Maria Madalena se lembra da visita oficial em Buritizeiro, mas se recorda mais ainda do dia que a obra parou (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Maria Madalena se lembra da visita oficial em Buritizeiro, mas se recorda mais ainda do dia que a obra parou (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

“Não sei se ainda no meu governo, mas o que posso dizer para vocês é que a gente não vai deixar a obra pelo meio”, garantiu o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a moradores de Buritizeiro, na Região Norte de Minas, que acompanhavam visita oficial com a expectativa de se verem livres de fossas no quintal de casa. Era 14 de outubro de 2009, ano pré-eleitoral, em que a Justiça não permite campanha. A ponderação de Lula sobre a chance de não cumprir a promessa em seu mandato foi ouvida por uma espectadora especial. Assistia ao “comício” – como deixou escapar o próprio Lula – a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), pré-candidata à Presidência da República. Mas quem votou na petista com o sonho de ver a rede de esgoto implantada no município de cerca de 30 mil habitantes ainda está decepcionado. A caravana presidencial se foi e, desde junho do ano passado, o empreendimento está parado. O caso de Buritizeiro não é único. Obras inauguradas por Lula e Dilma na corrida eleitoral estão paradas ou caminham a passos lentos. Outras mal foram entregues e já estão com problemas.

As visitas oficiais às obras, a maioria do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foram intensificadas em 2008. Na época, Lula abusou da estratégia de vinculá-las a Dilma, ministra de perfil técnico e desconhecida pelo eleitorado. Sempre ao lado do ex-presidente, a campanha antecipada pela “mãe do PAC” rendeu a Lula seis multas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 6 de julho de 2010, quando a corrida pelo voto começou oficialmente. Em inauguração de casas populares em Osasco, em São Paulo, em março do ano passado, ele ironizou as decisões da Justiça, dizendo que apenas não falaria mais o nome de uma pessoa (Dilma). No mesmo dia, ele disse que continuaria inaugurando obras para mostrar o que estavam “aprontando pelo país”. Parte dessas obras, no entanto, estão esquecidas pelo governo federal.

“As ruas estão completamente esburacadas. Ninguém consegue parar o carro em frente a minha casa e comércio. Se Dilma continuar assim, não votamos nela nem para vereadora de Buritizeiro”, reclama a comerciante Maria Madalena Rodrigues, de 68 anos. Ela se lembra do dia em que Lula e Dilma visitaram a obra em outubro de 2009, mas sua maior recordação é do dia em que a obra parou, oito meses depois, em junho do ano passado. “Não aguento mais limpar fossa. Além disso, agora tenho lama e buraco na porta de casa”, afirma. Segundo o prefeito do município, Salvador Raimundo Fernandes (PT), a empresa vencedora da licitação das obras declarou falência, depois de gastar cerca de R$ 4 milhões na rede de esgoto. “Estamos sofrendo as consequências até hoje, com ruas esburacadas e valas abertas. Agora, o governo federal liberou mais R$ 15 milhões para finalizarmos a obra.”

Falta de verba

Buritizeiro foi uma das cidades visitadas por caravana de Lula e Dilma pelas obras de transposição do Rio São Francisco – a rede de saneamento faz parte da revitalização do Velho Chico, que recebe o esgoto da cidade –, que passou também por Pirapora (MG), Barra (BA), Custódia (PE), Floresta (PE) e Sertânia (PE). Na última, Lula e Dilma viram 2,7 mil operários trabalhando em construção de canal para passagem do curso d’água. No fim do ano passado, todos foram demitidos e as obras, paralisadas. Segundo o vereador Junhão Lins (PSDB), a cidade está um “cemitério”. “Estávamos em pleno crescimento. Os comerciantes investiram para atender os trabalhadores das obras. Agora, todo mundo está aperreado. A impressão que se tem é de que apenas fez parte da campanha eleitoral”, diz.

A prefeita de Sertânia, Cleide Ferreira (PSB), diz que a previsão é de as obras voltarem no mês que vem. Ela não sabe dizer o motivo da paralisação. Segundo ela, os “boatos” são de que as empreiteiras responsáveis pela obra pediram mais verba ao governo federal. A previsão inicial era de R$ 5 bilhões. O Estado de Minas enviou lista de obras paradas (veja mapa) ao Ministério do Planejamento, responsável pelo PAC. Segundo a assessoria de imprensa, a execução das obras é de competência de estados e municípios e, ao ministério, “cabe o repasse de recursos”.


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